Uma procuradora do Rio Grande do Sul (RS) sugeriu que a embriaguez foi um dos motivos das mortes das vítimas do incêndio na boate Kiss. A alegação aconteceu após a cidade de Santa Maria receber um pedido de indenização, por danos morais de um irmão de uma das vítimas da tragédia. 

O advogado responsável pela ação de danos morais, Luiz Fernando Scherer Smaniotto, publicou uma parte do documento no Facebook após a polêmica alegação do município. "Pelo raciocínio, se pegasse fogo em uma igreja, os mortos seriam somente os que não estavam rezando", desabafou o advogado.

A procuradora Mirela Marquezan, responsável pela contestação, diz que a embriaguez foi "culpa concorrente" na morte da vítima, ou seja, que a vítima é parcialmente responsável pelo fato trágico.

"Certamente diferentes fatores contribuíram para esta diferença de condutas e desfechos, sendo, um deles, o estado de sobriedade ou de embriaguez de cada um dos frequentadores do estabelecimento, fato que deve ser bem analisado em cada caso concreto. Baseando-se em argumentos e fatos semelhantes, a jurisprudência dos Tribunais pátrios é uníssona no sentido de recorrer a culpa concorrente nos casos de embriaguez", diz o trecho da contestação do município.

Em nota ao G1, a Procuradoria Geral da Prefeitura de Santa Maria disse que foram divulgadas apenas "partes isoladas das contestações". 

Leia a nota na íntegra:

"Em relação aos últimos acontecimentos referentes à publicação de partes isoladas das contestações apresentadas pelo Município de Santa Maria nas ações de indenização propostas por familiares de vítimas da Boate Kiss, à nova gestão apenas cabe ressaltar que estas condutas adotadas foram opções técnicas feitas pelas chefias institucionais que geriam o Município na época.

A Prefeitura foi renovada nas urnas e todos, inclusive as diretamente envolvidas com essa lamentável tragédia, são testemunhas da grande vontade de mudar que tem impulsionado a nossa dedicação diária às causas do Município.

Não nos cabe hoje, e não é essa a nossa missão, ficar elocubrando sobre o que aconteceu. A nós, hoje, cabe acarinhar e acalantar essas pessoas que se sentiam órfãs frente ao poder municipal em um dos momentos mais difíceis que um ser humano é capaz de enfrentar. Nos cabe, hoje, sermos solidários.

O que realmente importa é que essas pessoas saibam que podem contar conosco para ajudar, para compreender e, principalmente, para aprender. Esse é o nosso compromisso, isso é renovar."