O papa Francisco anunciou nesta segunda-feira que decidiu instituir de maneira definitiva a disposição que tinha autorizado para que os sacerdotes possam absolver católicos do pecado do aborto, uma determinação que ele tinha dado somente durante o Ano Santo da Misericórdia, que terminou no domingo (20).

O pontífice divulgou a nova regra na carta apostólica "Misericordia et misera" (Misericórdia e mísera), o documento de conclusão do Jubileu Extraordinário e na qual dá as indicações para que os católicos deem continuidade ao tempo da misericórdia, a reconciliação e o perdão.

"Para que nenhum obstáculo exista entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a partir de agora a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto", escreveu o pontífice na carta.

Conforme a doutrina católica, o aborto é um pecado grave e quem o faz pode ser excomungado. Até hoje, um padre só podia absolver uma pessoa depois que fosse autorizado por um bispo ou pelo próprio pontífice.

"Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe pecado algum que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai", explicou.

Nesta carta, Francisco também estendeu outras disposições que tinha autorizado durante o Jubileu, como a da concessão de absolver os pecados aos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X.

No texto, o papa ressaltou ainda que os sacerdotes devem ter atenção as diferentes situações familiares atuais e reitera que perante estas pessoas tenham "um discernimento espiritual atento, profundo e prudente para que cada um, sem excluir ninguém, sem importar a situação que viva, possa sentir-se amparado concretamente por Deus, participar ativamente na vida da comunidade e ser admitido nesse povo de Deus".