Atualizada às 9h34

A Polícia Civil do Distrito Federal e de Goiás deflagrou a Operação Panoptes na manhã desta segunda-feira (30), onde são cumpridos 15 mandados em Brasília e 18 em Goiânia. De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Rômulo Figueiredo Matos, da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Dercap), os 33 alvos são membros de uma quadrilha especializada em fraudar concursos públicos, a chamada "Máfia dos Concursos".

O funcionário de uma empresa de seleção foi preso. Conforme informou o delegado, ele recebia cartões em branco dos candidatos, preenchia e entregava para correção. O delegado disse que a mesma quadrilha fraudou o Enem 2016, e já planejava o mesmo golpe para 2017. As provas serão feitas nos dias 5 e 12 de novembro.

"Comprovamos que o Enem 2016 foi fraudado. Em todos os concursos eles tentam atuar de uma forma ou de outra. Em alguns casos tem êxito, em outros não. Antecipamos a operação para esta semana visto que estavam planejando, via ponto eletrônico, fraudar o Enem 2017", disse o delegado Rômulo Figueiredo.

Após serem aprovados, candidatos de todo o país pagavam mais de R$ 100 mil ao grupo, dependendo da remuneração prevista no edital. "A média cobrada era em torno de 20 vezes o salário para o cargo. Temos registro que em 2016 remeteram 35 milhões de euros para a Europa [cerca de R$ 130 milhões] ", afirmou o delegado.

Rômulo Figueiredo disse ainda que a quadrilha contava com aliciadores que ficavam na porta de cursinhos fazendo amizade com concurseiros e os levava para os articuladores.

Entre os editais fraudados está também, segundo Figueiredo, o concurso para delegado substituto da Polícia Civil de Goiás. Por esse motivo, em maio de 2017, a Justiça suspendeu, liminarmente, o certame.

Os presos vão responder por formação de organização criminosa, fraude a certame licitatório, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, em alguns casos.