Segundo a previsão meteorológica do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), o furacão Irma deve chegar aos Estados Unidos entre a noite deste sábado (9) e a manhã de domingo (10) com ventos de mais de 250 km/h e com o rastro de destruição por onde passou. Foram pelo menos 21 mortes pelo Caribe. 

O designer de interiores Ruben Brito, de 35 anos, é natural de Itapuranga, mora em Miami há 4 anos, e conta que a cidade vive um clima de expectativa misturado com tensão. "Moro aqui (Miami), e nunca vi a população tão desesperada, de Leste a Oeste no Estado da Flórida. A situação neste momento está tranquila, porém, no Sul da Flórida foi obrigatório a evacuação por motivos de alagamento e possível encontro do furacão com a costa do Estado. Como a previsão do sistema meteorológico foi de que o furacão atingiria aquela área, desde quarta-feira começamos a evacuar as áreas de risco. Naquele momento foi um caos total. No final do dia já não havia mais água ou comidas enlatadas na prateleiras e a gasolina também já havia esgotado em alguns postos", relata.

Ao menos 6,3 milhões de pessoas foram orientadas a deixar áreas costeiras da Flórida e da Geórgia para fugir da fúria do Furacão IrmaO goiano conta que tentou viajar para outras cidades do país, como Boston e Nova Iorque, mas que todos os voos já estavam esgotados. "Tentamos comprar passagem aérea, mas quase todos os voos já tinham esgotado. Os disponíveis estavam cobrando até 6 mil dólares por trecho. Conseguimos um voo saindo de Orlando para Boston, então decidimos alugar um carro e dirigir. A viagem entre Miami e Orlando, que dura em média 3 horas, foi feita em 8 horas. Chegando aqui (Orlando) fomos informados que o voo foi cancelado. Fizemos a escolha de permanecer em Orlando, pois estamos no meio do Estado, e como não sabemos a rota exata do furacão, esse é o melhor e mais seguro lugar para se estar nesse momento", disse. 

Ao menos 6,3 milhões de pessoas foram orientadas a deixar áreas costeiras da Flórida e da Geórgia para fugir da fúria do Furacão Irma. É a maior retirada em massa da história do país em razão de um evento climático. Um quarto da população da Flórida tem de sair de casa. 

O designer, que também é correspondente da rádio Mais FM, de Itapuranga, em Miami, conta que os maiores problemas devem acontecer depois da passagem do Irma. "Instabilidade e apagões de energia devem ocorrer. Com isso, consequentemente, a falta de comunicação por meio de internet e de celular. Estamos baixando um aplicativo chamado Zello, que foi usado em Houston, e possibilita a comunicação sem internet ou sinal de celular".

"Acabei de receber uma notificação que minha em Miami casa foi desconectada da internet (por ser smart home e estar conectado na internet), e estou vendo que lá já não tem mais energia. A companhia que distribui eletricidade desligou a energia para prevenir qualquer acidente mais grave, contando que haverá muito vento e chuva. Provavelmente desligarão aqui em Orlando também quando a tempestade estiver mais próxima desta área", explica o designer.

Segundo meteorologistas do NHC, o Irma deve ganhar força assim que se distanciar de Cuba. Na rota da tempestade estão as Flórida Keys – conjunto de pequenas ilhas no extremo sul do Estado – e a cidade de Tampa. O olho do furacão não deve atingir a cidade de Miami, mas os efeitos do ciclone devem ser grandes ali. As primeiras chuvas do Irma já eram sentidas nas Flórida Keys na manhã de ontem. 

Caribe

O Irma atingiu as ilhas do Caribe, em Antígua e Barbuda. Depois, passou por São Martin e Ilhas Virgens, e seguiu seu trajeto em direção a Porto Rico, República Dominicana e Haiti. O trajeto exato do centro do furacão é incerto, mas a expectativa é que sua passagem pelo Caribe tenha impactos também em Cuba, embora com menos intensidade.

Segundo o Centro Nacional de Furacões do governo dos Estados Unidos, o Irma está entre os cinco mais poderosos furacões do Atlântico dos últimos 80 anos, e é o mais forte do oceano a sair do mar do Caribe e do Golfo do México e atingir a costa. O fenômeno já atinge 295 quilômetros por hora durante os picos.

Experiência em furacões

O Irma pode ser pior do que o furacão Andrew, que devastou a Flórida em 1992. Ele é o segundo furacão de grande intensidade a atingir o sul dos Estados Unidos nesta temporada, depois do Harvey, que provocou destruição no Texas e deixou mais de 60 mortos e prejuízos de US$ 180 bilhões.