A mãe do adolescente de 17 anos que estava desaparecido desde 31 de maio e teve a testa tatuada por dois homens em uma pensão em São Bernardo do Campo (SP), contou que o filho foi tratado com crueldade pelo tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 27 anos, e Ronildo Moreira de Araújo, 29 anos, presos em flagrante por tortura na última sexta-feira (9). "Meu filho não é boi, não é animal. Ele não é bicho", diz auxiliar de limpeza Vania Rocha.

"A gente precisa tirar isso do rosto dele porque ele não é bicho. Muita gente está julgando ele, mas ninguém conhece a história dele. A única coisa que a gente quer é Justiça." Vania disse também que ainda não viu o vídeo que mostra o filho sendo tatuado. "Infelizmente eles vão pagar pelo erro deles. Só tenho pena da família deles. Quando eu recebi o vídeo eu não consegui assistir. Eu vi a foto e isso acabou comigo, acabou com a família. Como ele vai sair por aí? Ele é vítima da sociedade."

Vania diz que o menino é doente e precisa de tratamento contra dependência química e alcoolismo. "Ele precisa de ajuda, de tratamento, a gente não tem condições de pagar, a gente é pobre. Eu sou auxiliar de limpeza e estou desempregada. Eu estou acabada, ele pode ser o que for, mas o ser humano não tem direito de fazer isso. Ele é uma criança, ele é doente, não precisa de críticas, precisa de ajuda, de tratamento."

Vítima
Quando se olhou no espelho, após ser tatuado com a frase "Sou ladrão e vacilão", a vítima disse que "teve vontade de morrer". "Comecei a chorar", contou o jovem que negou que tenha roubado a bicicleta de um deficiente físico, como alegaram os agressores. "Eu estava bêbado, esbarrei na bicicleta e ela caiu", explicou. O rapaz disse também que teve o cabelo cortado e os pés e as mãos amarrados pelos agressores. "Eu comecei a puxar o cabelo para a frente para tentar esconder e eles então cortaram meu cabelo."

Defesa
"Vamos avaliar. Primeiro vamos cuidar dele, ele foi medicado, está assustado com o que passou. Muitas pessoas compartilharam a imagem dele fazendo julgamento sem conhecer os fatos. Ele não fez nada do que foi dito e espalhado na internet", informou o advogado da família, Leonardo Rodrigues, sobre quais medidas judiciais deve tomar.