Os 32 milhões de eleitores argentinos já sabem que o governista Daniel Scioli será o mais votado dos seis candidatos que disputam a sucessão da presidência Cristina Kirchner, neste domingo (25). Ele é do Partido Justicialista (Peronista), no poder há 14 anos, e é o governador da província de Buenos Aires – a maior e mais rica da Argentina, onde vivem 40% dos eleitores.

Além de liderar as pesquisas de opinião, Scioli obteve 38,4% dos votos nas prévias de agosto – que na Argentina são abertas, simultâneas e obrigatórias. Mas para assegurar a vitória no primeiro turno, Scioli precisa de 45% dos votos ou, no mínimo, 40% dos votos com uma diferença de dez pontos porcentuais em relação ao segundo colocado.

O favorito da oposição nas previas foi Mauricio Macri, do partido conservador PRO, que somou 24,8% das intenções voto. Ele é o atual prefeito da capital, Buenos Aires, e prega uma menor presença do estado na economia, que cresceu muito durante os governos de Nestor Kirchner (2003-2007) e de sua mulher e sucessora Cristina Kirchner, reeleita em 2011, meses após a morte do marido.

Cristina estatizou as empresas de aviação Aerolineas Argentinas e de petróleo Yacimentos Petrolíferos Fiscales (YPF). Ambas haviam sido adquiridas pelos espanhóis na década de 1990, quando a Argentina adotou uma politica neoliberal e privatizou as estatais.

Macri promete eliminar os controles cambiais, impostos pelo atual governo para impedir a saída de divisas do país. Mas ele moderou seu discurso e prometeu manter os planos sociais, para atrair os votos do centro, que representam cerca de um terço do eleitorado.

Scioli fez o mesmo, ao tentar marcar uma diferença de estilo em relação a Cristina Kirchner e mostrar-se mais aberto a negociar com os partidos da oposição, os credores da dívida externa e os governos de países com politica econômicas diferentes da Argentina.

Muitos dos votos do centro, no entanto, estão com o terceiro colocado, Sergio Massa, que era peronista e aliado dos Kirchner, antes de passar para a oposição. Segundo o analista político Rosendo Fraga, as chances de Scioli ganhar no primeiro ou num eventual segundo turno são grandes porque essa foi a tendência em toda a América do Sul.

“Nas eleições presidenciais do Brasil, da Bolívia, do Equador e do Uruguai, realizadas apos uma década de conjuntura econômica favorável, os candidatos governistas ganharam”, disse, em entrevista à Agencia Brasil.  “Na Argentina deve acontecer o mesmo. O desafio do próximo governo vai ser administrar a economia, num momento de menor crescimento econômico e queda de preços das commodities”.

Além de presidente e vice, os argentinos vão escolher 130 deputados federais, 24 senadores, representantes do Parlamento do Mercosul e 11 governadores.