O Ministério da Defesa autorizou nesta sexta-feira (22) o cerco do Exércio à Rocinha, a mais conhecida favela do Rio de Janeiro, localizada em São Conrado, na zona sul da capital. Mais cedo, o governador Luiz Fernando Pezão havia pedido reforço das Forças Armadas para ajudar no patrulhamento da comunidade, cuja população vive sob intensos tiroteios desde o fim de semana passado.

Na manhã desta sexta, confrontos entre traficantes e policiais fecharam a Autoestrada Lagoa-Barra, que passa pelos acesso da Rocinha e é a principal via de acesso entre a zona sul do Rio e a Barra da Tijuca, na zona oeste. 

Agora, o Ministério da Defesa discute a forma de atuação do Exército com a cúpula da Secretaria de Segurança do Rio, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, região central da capital fluminense.

"Não vamos recuar dentro da Rocinha. É o quinto dia de operações. Ontem (quinta-feira, 21), descobrimos uma grande quantidade de armamento e drogas", afirmou Pezão, após dar palestra na Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio.

Segundo o governador, as forças de segurança do Estado, incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), estão avançando numa região da Rocinha em que os traficantes teriam se concentrado. "Estamos com indícios de traficantes numa região sobre a qual estamos avançando. Temos certeza de que a reação que está ocorrendo no asfalto é por causa disso. Pedimos reforço embaixo para dar tranquilidade", afirmou o governador. 

O pedido para uso das Forças Armadas é para reforçar o policiamento nos acessos à Rocinha, garantindo a circulação pelas vias que passam no entorno, como a Autoestrada. Houve registro de confrontos em outras favelas do Rio, mas o reforço foi pedido apenas para a Rocinha. "A gente precisa agora na Rocinha", disse Pezão.

Intenso tiroteio

A Rocinha vive um intenso tiroteio desde a manhã desta sexta-feira, 22. Por volta das 10 horas, a prefeitura bloqueou a estrada Lagoa-Barra e fechou o túnel Rafael Mascarenhas, nos dois sentidos. A polícia faz operação no local desde o inicio da manhã, com participação do Batalhão de Choque.

Colégios públicos e particulares que ficam na região fecharam. O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que, por causa da operação policial na Rocinha, o sentido São Conrado da Praça Sibélius, com desvio para a Avenida Padre Leonel Franca, está interditado. O  sentido Gávea dos túneis Zuzu Angel e Acústico, a partir do acesso pela Estrada Lagoa-Barra, também está bloqueado. Os motoristas estão sendo orientados a seguir pela Avenida Prefeito Mendes de Morais e Avenida Niemeyer.

"Por causa da operação policial, a recomendação é evitar a região e optar por vias de ligação entre a zona sul e a zona oeste, como o Alto da Boa Vista, a Linha Amarela ou a Estrada Grajaú-Jacarepaguá", afirmou o Centro de Operações, por nota.

Nesta quinta-feira, 21, policiais militares fizeram operação na Rocinha em busca pelo traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, e por bando que invadiu a comunidade no último domingo. 

Entenda o que desencadeou a onda de violência

A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo passado, 17, quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011.

Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão. A relação pode ter piorado depois da união da ADA com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.

Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos a tentar retomar a favela. A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continua no alto do morro, segundo informações da Polícia. Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também ainda está no local. Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.