As autoridades da Coreia do Sul prenderam nesta quinta-feira (3) Choi Soon-sil, amiga de longa data da presidente Park Geun-hye e pivô de um escândalo que chocou o país.

A prisão de Choi foi determinada por um tribunal de Seul atendendo a um pedido da Promotoria. Ela havia sido detida temporariamente para prestar esclarecimentos na segunda (31) e ainda aguarda julgamento.

Choi é investigada por tráfico de influência e corrupção devido a suspeitas de que usou sua conexão de décadas com a presidente para extorquir os principais conglomerados econômicos do país.

Sabe-se que Choi relia e corrigia os discursos da presidente e até mesmo a aconselhava em nomeações. A imprensa local ecoa rumores de que ela formou um grupo secreto de assessores informais, apelidado de "as oito fadas", para interferir de maneira profunda nos assuntos do governo.

O escândalo mergulhou a administração de Park em uma crise política, provocando a exoneração de membros do alto-escalão do governo, e gerou pressões crescentes no Parlamento e nas ruas pela renúncia da presidente. Uma pesquisa de opinião mostrou que a popularidade de Park despencou para 9%.

Kim Byong-joon, nomeado premiê por Park em meio ao escândalo, disse nesta quinta que a presidente pode ser alvo da investigação que levou à prisão de Choi.
Também nesta quinta, a Promotoria deteve Ahn Jong-beorn, ex-assessor de Park suspeito de envolvimento no escândalo.

AMIGAS
Choi reconheceu, em depoimento, sua relação com Park. Na ocasião, ela foi hostilizada por manifestantes e pediu perdão aos prantos. "Eu cometi um pecado que merece a morte", disse, usando uma expressão comum de profundo arrependimento.

Na semana passada, a presidente Park também pedu desculpas pelo escândalo e reconheceu sua conexão com Choi, dizendo que ela a ajudara "em momentos de dificuldade" no passado.

A pivô do escândalo na Coreia do Sul é filha de uma misteriosa figura religiosa, Choi-Tae-Min, chefe autoproclamado da Igreja da Vida Eterna, que atuou como uma espécie de mentor de Park depois do assassinato de sua mãe, em 1974.

Há relatos de que ele teria convencido Park sobre seu poder de se comunicar com a mãe assassinada -o que ele negou em uma entrevista concedida em 1990.