O álcool está vetado a partir desta quinta-feira (30) nas arquibancadas do Aberto da França de tênis, em Roland Garros. A decisão, inédita, anunciada pela diretora do torneio, a ex-tenista francesa Amélie Mauresmo, se deve a excessos cometidos por torcedores nos últimos dias.Mauresmo também anunciou que diretrizes mais rigorosas foram passadas aos árbitros de cadeira, que têm poder para mandar retirar espectadores inconvenientes.O caso de maior repercussão ocorreu com o tenista belga David Goffin, na partida da primeira rodada, em que eliminou o francês Giovanni Mpetshi Perricard. Um torcedor teria cuspido um chiclete em cima de Goffin. O belga enfrentou insultos durante boa parte das três horas e meia de jogo.A número um do ranking feminino, a polonesa Iga Swiatek, também se queixou do comportamento do público na partida em que superou a japonesa Naomi Osaka, na noite de quarta-feira (29).Um torcedor gritou "fora" durante um ponto, atrapalhando Swiatek. "Tem muito dinheiro em jogo, torçam entre os pontos, não durante", pediu a polonesa após a partida. Leia também: Cidade-esponja ganha espaço na China, mas especialistas alertam para limitações do modelo Tragédia no RS gera alerta para cidades brasileiras se prepararem para novos desastresGoffin disse que o "desrespeito" aumentou "de um ou dois anos para cá". Chegou a comparar a torcida ao futebol. "Daqui a pouco vamos ter sinalizadores, hooligans e brigas nas arquibancadas".O líder do ranking masculino, Novak Djokovic, queixou-se de um torcedor durante sua vitória sobre o espanhol Roberto Carballés Baena, pela segunda rodada (6/4, 6/1 e 6/2): "Ele gritou algumas palavras durante o ponto. Não tem problema apoiar meu adversário, mas estando tão perto, estava atrapalhando. O árbitro explicou que não podia anular o ponto por interferência".Djokovic acrescentou que gosta de ver os torcedores "vibrando e cantando". "Em alguns momentos eu tive um caso de amor com a torcida [francesa], e em outros, momentos difíceis. Vivi os dois lados. É bonito. Mas é uma linha delicada. Essa linha é ultrapassada quando há desrespeito com o jogador."Questionada pela Folha, Amélie Mauresmo disse não saber a razão dessa suposta piora da educação do público. Mas chegou a atribuí-la ao entusiasmo pós-pandemia de Covid-19, período em que as competições esportivas foram canceladas ou disputadas sem torcida.Fora das arquibancadas, as bebidas alcoólicas continuam liberadas em todo o complexo de Roland Garros. São uma importante fonte de receita do torneio.Uma taça de champanhe (120 ml) custa 18 euros (R$ 100); um copo de cerveja belga, 6 euros (cerca de R$ 35); e a taça do vinho mais barato (argentino), 9 euros (aproximadamente R$ 50).O coquetel Le Roland Garros (champanhe Moët et Chandon, xarope de gengibre e bebida gasosa de flor de sabugueiro e raspas de laranja) custa 19 euros (cerca de R$ 107).Apesar dos preços, por toda parte há filas nos bares e gente circulando com copos de bebida na mão.