Com a voz embargada e segurando as lágrimas, o goleiro Márcio se despediu, na manhã desta terça-feira (26), do Atlético em entrevista coletiva no Centro de Treinamento do Dragão. O jogador encerrou passagem de dez temporadas no clube rubro-negro, mas evitou falar sobre o próximo destino. Ele provavelmente permanecerá na disputa da Série B, só que pelo rival Goiás. No entanto, o jogador negou acerto com o alviverde e disse que tem proposta de um clube do Irã.

Procurando agradecer clube e pessoas com quem conviveu, Márcio falou sobre o momento no Atlético. O jogador disse: “Por entender que não posso mais contribuir para que esse caminho (do Atlético) seja bem trilhado, pedi essa minha saída”. A entrevista foi concedida após pronunciamento do diretor de futebol Adson Batista.

Leia os principais trechos do que disse Márcio:

“Tudo tem começo, meio e fim, sabemos disso. Nesses quase dez anos meus aqui, se eu for enumerar as coisas positivas, vai extrapolar o tempo. O que tenho a dizer é que aqui me tornei não um jogador de futebol de muita capacidade, me tornei um homem aqui. Aprendi a conviver com diferenças, situações diferentes, tenho muito a agradecer esse clube e as pessoas que aqui estão porque me fizeram me tornar o que sou hoje, um pai de família, bom marido, bom amigo, dedicado. Esses valores a gente leva para o resto da vida, a gente não perde.”

“O Atlético me abriu as portas quando elas estavam fechadas para mim no futebol. Sem planejar, chegamos aonde chegamos. Como tudo tem um fim, pedi uma conversa com o Adson (Batista, diretor de futebol), expliquei o sentimento que tenho de gratidão, carinho, respeito. Hoje meu coração não estava feliz. Como o Atlético é maior do que qualquer um que aqui está, não poderia atrapalhar o caminho que está se desenhando para o Atlético. Às vezes você ajuda muito quando não atrapalha. De tempos em tempos, a gente tem que mudar”

“Em suma, para não me alongar muito e conter as lágrimas que são inevitáveis, quero agradecer ao clube, muito bem representado pelo Adson. Quando cheguei aqui, a nossa sala de musculação era um aparelho de academia de prédio, por sinal enferrujado. Hoje o Atlético é o que é.”

“Quero agradecer aos companheiros que aqui tive, que me ajudaram a construir essa história. Só sou uma peça nisso tudo. Agradecer aos treinadores que confiaram na minha capacidade e me permitiram jogar e mostrar o meu valor. E também aos que não permitiram, que me ensinaram muito. Aos funcionários, que fazem com que você se sinta querido e dão aparato para que a gente faça o melhor. Me trataram de uma forma como sou tratado em casa. É o reconhecimento de que também fui bom para eles. Em especial, quero agradecer ao torcedor do Atlético, que é inteligente, sabe o que quer e ajudou muito na nossa trajetória. É muito difícil agradar-lhes. É um torcedor exigente, mas a grande maioria tenho certeza de que é feliz por torcer pelo Atlético. Não consegui agradar a todos e nunca tive essa pretensão.”

“Por entender que não posso mais contribuir para que esse caminho seja bem trilhado, pedi essa minha saída. Quero agradecer ao Marcelo Cabo, um cara íntegro, do bem, que olha no olho, me ajudou bastante. Espero repetir tudo o que consegui aqui no próximo lugar que eu for”