O primeiro resultado fiscal entregue pela nova equipe econômica já mostra o caminho que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pretende percorrer para alcançar a meta fiscal de 1,2% do PIB prometida para 2015, avaliou o consultor em contas públicas Raul Velloso.

Segundo ele, uma análise dos dados mostra o "tom" que a gestão do ministro pretende ter: segurar os gastos e tentar aumentar as receitas para recuperar o superávit primário aos poucos.

Velloso destacou que esse caminho pode ser visto por meio da diminuição da diferença entre o crescimento da receita e a despesa em janeiro. O desempenho das contas do Governo Central no mês passado refletiu receita de R$ 125,4 bilhões (alta de 2,8%) e uma despesa de R$ 92,5 bilhões (expansão de 0,3%).

"Isso mostra que a gestão do Levy vai tentar aproximar as duas taxas, para se igualarem de novo. Com isso, aos poucos, ele vai recuperando o superávit", avaliou.

Para ele, o erro do primeiro governo da presidente Dilma Rousseff foi ter deixado a despesa crescer por muito tempo acima da receita. "De julho de 2012 para cá, a despesa cresceu sistematicamente acima da receita. São quase três anos de comportamento desequilibrado", disse.

Velloso prevê que, se o governo continuar controlando as despesas, o superávit deve crescer nos próximos meses, quando a arrecadação deverá aumentar com o efeito das medidas de ajuste fiscal anunciadas.

"O resultado de janeiro já mostra o que o Levy está fazendo para se chegar a um superávit. O tom dele vai ser segurar as despesas e aumentar a receita com novas arrecadações", afirma. O consultor pondera, contudo, que o principal impulsor para aumentar a receita de forma sustentável e com isso manter o superávit elevado é o crescimento da economia. "Coisa que ninguém ainda vislumbra", afirmou.