Uma das poucas notícias positivas que surgirão da área econômica neste ano deverão vir das mãos de Ilan Goldfajn, economista de 50 anos que vai assumir a presidência do Banco Central.

A expectativa majoritária do mercado financeiro é que a taxa de juros, atualmente em 14,25% ao ano, será cortada. Já seria com Alexandre Tombini no posto. O próprio Ilan, do outro lado do balcão, já previra que a taxa seria cortada no segundo semestre, por força da recessão e do consequente declínio da inflação.

À frente da pesquisa econômica do Itaú até então, Ilan volta ao BC. Entre 2000 e 2003 comandou a poderosa diretoria de política econômica do banco. Primeiro com Armínio Fraga como chefe, depois com o mesmo Henrique Meirelles, com quem conviveu por sete meses no período de transição do governo FHC para Lula.

Sua especialidade é política monetária, mas os economistas que o conhecem dizem que seus conhecimentos contemplam também a política fiscal, calcanhar de Aquiles da economia neste momento.

Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC, lembra que ele trabalhou na equipe técnica do FMI, logo após deixar o doutorado no prestigioso MIT (EUA).

"Ele não é conhecido somente pelos economistas brasileiros, é reconhecido internacionalmente", diz Pastore.

Ilan voltou ao voltou ao Brasil em 1999, para dar aula na PUC-Rio, de onde saiu para o BC do segundo mandato de FHC.

Em 2009, chegou ao Itaú Unibanco, de onde observou os últimos movimentos da economia. Na última campanha eleitoral, em 2014, deu conselhos a Armínio, para a formulação do programa econômico da campanha de Aécio Neves. Nos bastidores, ninguém duvidava que, se o tucano chegasse ao poder, o BC ficaria sob sua batuta.

Os caminhos tortos da política acabaram por levá-lo ao mesmo ponto, sinal de que é visto como preparado para a tarefa.

Embora o embalo inicial da inflação ajude, a batalha não está vencida. Ilan recebe nesta terça-feira a tarefa de levar a inflação dos atuais 9,28% para a meta de 4,5%.