A prisão do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) faz parte da operação “12º Trabalho”, deflagrada pela Polícia Federal (PF). A ação deflagra uma organização criminosa envolvida em várias investigações da Polícia Federal, suspeita de manter um sofisticado esquema de corrupção.Os crimes envolvem apropriação de bens públicos, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais. A PF estima que a organização criminosa causou prejuízos da ordem de mais de 300 milhões de reais aos cofres públicos.Ainda segundo a corporação, a ação é resultado de um trabalho conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. Ao todo, 11 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão preventiva, todos expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas. Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades de Palmas, Tocantínia, Tupirama e Araguaína, além de Goiânia (GO), Santana do Araguaia (PA), Sapucaia (PA) e São Felix do Xingu (PA).A Polícia Federal destacou que após a deflagração de diversas operações da Polícia Federal, dentre elas “Reis do Gado” (STJ, 2016), “Marcapasso” (4ª Vara Federal/TO, 2017), “Pontes de Papel” (STJ, 2017), “Convergência” (STJ, 2017) e “Lava-Jato” (STF, com delação firmada em 2017), constatou que um núcleo familiar composto por três pessoas influentes no meio político do Tocantins (Marcelo Miranda, Brito Miranda (pai do ex-governador) e Júnior Miranda (irmão do ex-governador) sempre esteve no centro das investigações, com poderes suficientes para aparelhar o Estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa.A Polícia Federal ainda informou que as provas reunidas na ação penal decorrente da Operação Reis do Gado apontam que os suspeitos atuaram e ainda agem de maneira organizada e sistematizada, com divisão de tarefas, onde os atos são detidamente planejados para assegurar o produto dos crimes.Segundo a PF, os investigados também agem nos crimes por meio da manipulação de provas, seja pela falsificação de documentos ou comprando depoimentos, com o claro objetivo de tumultuar e dificultar as investigações em andamento.InvestigaçãoA instituição afirmou que além da obtenção de novas provas, com a ação desta quinta-feira, a intenção é interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro, uma vez que os investigados permanecem praticando os crimes por meio de sofisticado esquema, utilizando-se de “laranjas” para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas em troca de favores a empresários dos diversos ramos de atividade que mantinham contratos com o poder público.Conforme a PF, mesmo depois das investigações se tornarem públicas, o grupo prosseguiu realizando operações simuladas envolvendo o comércio de gado de corte e empresas de fachada, construção e venda de imóveis, tudo para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações.Com o avanço das investigações, foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros.O nome da operação faz referência ao 12º Trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero.