O administrador de empresas Francisco de Assis Figueiredo foi demitido nesta quarta-feira, 13, do cargo de Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde. O ato publicado no Diário Oficial da União (DOU) foi assinado pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto.Como parte da negociação do governo Jair Bolsonaro com partidos do Centrão, o posto deve ser ocupado por um nome indicado pelo PL, sigla comandada pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão.Sob pressão de aliados e após sofrer sucessivas derrotas políticas, o presidente Jair Bolsonaro começou a distribuir cargos aos partidos do bloco informal formado por, além do PL, o Progressistas (antigo PP), Republicanos, PTB, Solidariedade, DEM e PSD em troca de votos no Congresso, ressuscitando a velha prática do "toma lá, dá cá".Figueiredo atuava no ministério desde 2016. Ele foi indicado ao cargo pelo Progressistas durante a gestão do ex-ministro Ricardo Barros (Progressistas-PR). A demissão já era esperada desde a chegada de Nelson Teich ao cargo de ministro da Saúde.O PL chegou a negociar nomes para ocupar a Secretaria de Vigilância em Saúde, pasta estratégica para formular ações sobre o avanço da covid-19 no Brasil, como orientações de distanciamento social.A Secretaria de Atenção Especializada, no entanto, é mais atrativa, e virou novo alvo do partido. A secretaria autoriza o custeio (habilitação) de leitos de UTI em todo o País, também certifica entidades que fazem serviços complementares ao SUS, entre outros serviços.Até agora, a pasta autorizou o custeio, com verba federal, de 3.352 leitos de UTI exclusivos para a infectados pelo vírus, em todos os Estados, durante 3 meses. Cada espaço recebe diária de cerca de R$ 1.600, totalizando R$ 484,6 milhões de recursos transferidos para bancar as internações durante a crise.O ministro Teich chegou a convidar Mauro Junqueira para ocupar a secretaria. Ele é ex-presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). A negociação se encerrou quando o PL pediu o cargo.Para gestores do SUS, Teich é "tutelado" pelo Planalto e pela ala militar. E terá dificuldades para montar a própria equipe, pois além do PL, o PP já demonstrou interesse em cargos do ministério.EquipeA composição da equipe de Teich irá refletir acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos do Centrão no Congresso, avaliam integrantes do governo Bolsonaro e gestores do SUS.Teich tem sido acompanhado em reuniões pelo secretário-executivo da pasta, o general Eduardo Pazuello, apontado em tom irônico por secretários de Estados e municípios como verdadeiro chefe da Saúde. Além de Pazuello, mais de uma dezena de militares já ganharam ou devem receber cargos na secretaria-executiva.Gestores do SUS que participaram recentemente de reuniões com o ministro afirmaram ao Estado que Teich parece "perdido", sem dar uma diretriz sobre o que pretende fazer no ministério. Nesta semana, ele foi informado pela imprensa sobre decisão de Bolsonaro em ampliar o rol de atividades essenciais durante a pandemia.O ministro fez poucas nomeações "na sua cota". Um de seus indicados é o médico e biofísico Antonio Carlos Campos de Carvalho, que assumiu a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. Alguns técnicos de dentro do ministério têm sido promovidos a chefes substitutos. A ideia de Teich é nomeá-los definitivamente, o que ainda depende de aval do Planalto.