Atualizada dia 16.10.2019, às 17h45 para correção de informaçõesA Operação Imhotep (assessor, do Egito) da Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrada nesta quarta-feira, 2, prendeu um velho conhecido da Polícia Civil do Tocantins, o empresário João Paulo Silveira, investigado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no esquema desmontado pela Operação Ongs de Papel e alcançou o servidor comissionado da Assembleia Legislativa, Irisfran Pereira, chefe de gabinete do deputado Amélio Cayres (SD), e familiares do servidor.Além de João Paulo, estão entre os presos preventivamente a esposa dele, Jacianny Amaral Maciel Silveira e Joaquim Alves da Silva Júnior, vice-presidente da Coopertransmed (Cooperativa de Trabalho dos Transportadores do Norte e Nordeste do Brasil). A quarta pessoa presa preventivamente é Dagna Martins da Cruz Sousa, pregoeira em diversos municípios, apontada como auxiliar de João Paulo a fraudar licitações que resultaram em contratos fraudulentos de aluguel ônibus escolares, com prejuízos estimados me mais de R$ 2,8 milhões.Servidores de Amélio são alvosEntre os endereços alvos de busca e apreensão estão as residências relacionadas a parentes do chefe de gabinete de Amélio Cayres, Irisfran Pereira, incluindo o pais dele, Francisco Pereira, que já atuou como diretor da cooperativa. Ele é apontado como laranja do assessor do parlamentar, com quem a "organização criminosa tem uma relação de proximidade". Outros alvos da família dele são o irmão Israel Pereira e a mãe Irene de Sousa Pereira, usados para constituir a cooperativa.Além de Irisfran, outro servidor do deputado Marcioney Barros Monteiro, atual assessor parlamentar de gabinete das Comissões Permanentes, e seu irmão, o ex-candidato a vice-prefeito de Sítio Novo, José Valnei Barros Monteiro, tiveram endereços alvos de busca e apreensão pela PF. Monteiro representou a cooperativa e outra empresa suspeita, a GDK Locação de Veículos e Gestão Empresarial LTDA junto a municípios do Bico do Papagaio.O esquemaJoão Paulo é o empresário investigado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no esquema desmontado pela Operação Ongs de Papel, que apura desvio de recursos de emendas parlamentares por empresas de fachada.Nessa operação da PF, os investigadores apontam que o esquema de fraude ocorre na licitação para aluguel de veículos com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) por valores superdimensionados e depois passam por subcontratação com valores menores e a diferença entre o valor pago pelas prefeituras e o que a Coopertransmed repassa aos subcontratados é o desvio. A investigação aponta que a cooperativa é de fachada, criada por contadores sem qualquer relação com a atividade de transporte para desviar recursos.Na decisão que decretou a prisão preventiva dos quatro, a juíza federal Roseli de Queiroz Batista Ribeiro, da 1ª Vara Federal de Araguaína, afirma que o recolhimento estava autorizado porque há indícios razoáveis dos crimes apontados: peculato, fraude à licitação, lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção ativa e passiva.Segundo a PF, João Paulo, Jacianny e Joaquim Alves atuam corrompendo servidores para frustrar as licitações, com auxílio de Dagna Sousa. O contador Amaurílio, conselheiro de Administração da cooperativa, participaria da atividade criminosa e tem movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal. Amaurílio teve o pedido de prisão feito pela PF, mas a juíza não decretou afirmando que não ficou provada participação atual dele.Um exemplo citado na decisão, da CGU, ocorreu em Pium, município em que três empresas apresentaram proposta de preços - Prime Produções, M. Das G.N. Silveira e Coopertransmed-, mas apenas a cooperativa retirou o edital e única a se credenciar na licitação. Para o órgão, houve conluio porque Joaquim Alves, vice-presidente da cooperativa a representou na licitação ao mesmo tempo em que era sócio da M. das G.N. Silveira e administrador da Prime.O JTo procurou a assessoria de imprensa da Assembleia, mas não houve resposta. A redação não conseguiu contato com os citados.Alvos de busca e apreensãoJoão Paulo SilveiraApontado como líder da organizaçãoJacianny AmaralEsposa de João Paulo, gerencia os pagamentos e recebimentos do grupoDaniella Nestor Dourado Lima Irmã de João Paulo, usada para constituir a cooperativaMaria das Graças Nestor SilveiraMãe de João Paulo, usada para constituir a cooperativa e tem empresas em seu nomeRenato dos Reis Neres Alves Laranja de João Paulo, usado para constituir a cooperativaIrisfran Pereira chefe de gabinete do deputado Amélio Cayres, próximo ao grupo, usou parentes para constituir a cooperativaIrene de Sousa Pereira mãe de Irisfran, usada para constituir a empresaIsrael de Sousa Pereira irmão de Irisfran, usado para constituir a empresaFrancisco Pereirapai e laranja de IrisfranAdriano Fernandes da Silva Sócio de Amaurilio CandidoAmaurílio Cândido de Oliveira Sócio da Delta Contadores e vice-presidente da cooperativaMaria de Lourdes Gonçalves Madastra de Amaurilio, usada para constituir a cooperativaSebastião Candido de OliveiraPai de Amaurílio, usado para constituir a cooperativaJoaquim Alves Silva JúniorBraço direito de João Paulo e gerente das atividades da cooperativaFrancisco Marcioney Barros Monteiroarticulador político com quem o grupo tem proximidadeJosé Valnei Barros Monteiro irmão de Marcioney, representa as empresas do grupo no Bico do PapagaioAgnon Gomes da Silva secretário de Infraestrutura de Sampaio, apontado como recebedor de recursos irregularesWelbis Mota Limamotorista de PugmilAriel Alves Parenteapontado como facilitador de fraudesThiago Germano Santos apontado como facilitador de fraudesJosé Cabral da Cruz apontado como intermediador entre a cooperativa e prestadores de serviços e facilitadorCOOPERTANSMEDCooperativa usada pelo grupo para prestar serviços fraudulentos de transporte aos municípiosGM LOCAÇÕES L.A. DA SILVA LOCAÇÕES DE PALCOSM. DAS G.N. SILVEIRAGDK LOCAÇÕESEmpresas usadas pelo grupo para fraudar licitaçõesAtualizaçãoNa primeira versão dessa nota a coluna relacionou o escritório contábil onde João Paulo atuava entre as empresas usadas pelo grupo investigado para fraudes, mas a Opção Contábil, não é investigada na operação nem faz parte das empresas usadas pelos alvos da Polícia Federal.