Com 24 votos pelo sim a Assembleia Legislativa aprovou o parecer da Comissão Especial de Impeachment que encaminha o processo que pede a cassação de Mauro Carlesse (PSL) por crime de responsabilidade para o tribunal misto que será instalado com membros do Judiciário do Legislativo. A sessão extraordinária inédita para votação do parecer do relator, marcada para as 15 horas, começou com atraso e terminou por volta das 17h40 desta quinta-feira, 10, quando o presidente Antonio Andrade (PSL) convocou o segundo turno da votação para esta sexta-feira, 11, às 17h40. Na sessão, o relator do projeto, Júnior Geo (PROS) leu o seu parecer. Em seguida, o autor do processo de impeachment, Evandro de Araújo de Melo, teve um momento de fala para argumentar sobre a iniciativa de pedir a destituição do governador afastado. Também na tribuna, Juvenal Klayber Coelho, advogado de Mauro Carlesse, fez o uso da palavra. Em defesa ao governador afastado, Klayber disse que não há provas que comprovem os crimes. “Chamo a atenção de vossas excelências em relação a esses crimes de responsabilidade. Não há crime. Não há provas. Pode haver indícios, agora suas excelências cassarem um mandato dado pelo povo, por questões políticas como aqui já se ouve falar, inclusive na imprensa que já está até sendo divulgado, isso não é brinquedo. Essas decisões que vossas excelências tomarem, que sim ou que não, a Justiça terá afeto”. Com a prorrogação da fala de mais dois minutos concedida pelo presidente da Casa, Kalyber disse que o processo de impeachment seria para satisfazer determinados grupos políticos. “O que vossas excelências têm de fato aqui é uma responsabilidade de julgar imparcialmente o governador Mauro Carlesse, baseados em fatos concretos”.O deputado Júnior Geo contra argumentou a fala do advogado de defesa e afirmou que Carlesse cometeu, sim, crimes e que há provas de seus crimes. “Há o fato de dizer que o secretário é culpado, mas só numa canetada ele poderia tirar. Quando se fala que não existe crime cometido pelo então governador afastado. Eu venho afirmar que o crime existe e provado em diversos atos e não estou me referindo apenas em relação à propina do Plansaúde. Eu estou me referindo aos atos promovidos pelo governador afastado em relação a inamovibilidade dos delegados ao fato de removê-los sobre critérios diversos promovidos por ação do governo do Estado para que justificasse a sua remoção”. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou no ano passado Mauro Carlesse do cargo de governador, por seis meses no dia 20 de outubro com base em investigações policiais que apontam o aparelhamento da Polícia Civil para impedir investigação do governo, cobrança de propina de prestadores do Plansaúde e remoção e perseguição de delegados. A denúncia aprovada pela Assembleia enquadra essas acusações em crimes de reponsabilidade, na forma de atentado à Segurança Pública e contra a probidade administrativa.Após a votação desta sexta-feira, 11, o processo será enviado ao Tribunal de Justiça para instalação do tribunal misto, com 5 deputados e 5 desembargadores. Um dos atos deste tribunal será deliberar se afastará o governador das funções pelo prazo de até 180 dias, com suspensão de salário. Nesse tempo, terá de instruir e julgar o processo de impeachment que pede a cassação de mandato do político e sua inabilitação para funções públicas por até 5 anos.Mauro Carlesse não compareceu na Assembleia para acompanhar a votação. Em nota, ele disse discordar da decisão dos deputados e questiona as responsabilidades imputadas a ele no processo. De acordo com o politico, documentação apresentada por sua defesa "combate totalmente e comprovam a inconsistência das acusações".O governador disse ainda que "seguirá discutindo judicialmente o processo e que confirmará sua inocência".