Os procuradores da República José Ricardo Teixeira Alves, Paulo Rubens Caravalho Marques e Fernando Antônio de Alencar Alves de Oliveira Júnior afirmam no pedido de prisão preventiva da família Miranda feito à Justiça Federal que a denúncia plantada pelo empresário Aluizio Castro Júnior contra o então governador e candidato à reeleição Sandoval Cardoso (SD) custou R$ 700 mil a Brito Miranda, pai do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), preso nesta quinta-feira, 26.A denúncia era encabeçada pela candidata Kátia Abreu (PDT) que disputou e venceu a vaga ao senado na chapa de Miranda, revelada inicialmente pelo portal T1.Segundo o MPF, a compra e divulgação do relato de Aluizio no dia 27 de setembro de 2014 era uma estratégia de Brito Miranda para “controlar o escândalo eleitoral agravado pela divulgação do envolvimento de Brito Junior”, no caso da prisão de um avião com R$ 504 mil em Piracanjuba, que, anos depois, causaria a cassação do mandato do ex-governador e sua vice, Cláudia Lelis (PV). A denúncia eclodiu nove dias após o episódio do avião e cinco dias após aparecer as provas do envolvimento do irmão do governador no caso, com imagens de TV e comprovante do pagamento da hospedagem em Goiânia para os envolvidos.Um recibo assinado pelo empresário, com data de 8 de setembro de 2015, é uma das provas dessa estratégia e, segundo o MPF, estava na residência de Brito quando a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Mauro Campbell na Operação Reis do Gado.No recibo improvisado numa folha de agenda o empresário declara ter recebido R$ 220 mil até o dia 8 de setembro de 2015 e receberia mais R$ 480 mil até o dia 15 de junho de 2016 de um nome que, embora esteja rabiscado, os agentes de inteligência da Polícia Federal afirmam ser as iniciais “DR BRITO".Esse episódio é citado na petição à Justiça Federal como exemplo de prática criminosa pela família, como dizem os procuradores: “O fato é que a compra do depoimento de Aluizio Castro Junior por Brito Miranda, no interesse de Brito Júnior e de Marcelo Miranda, revela a facilidade do bando criminoso em mobilizar elevadas quantias em espécie (mantidas em esconderijos ou em contas bancárias de laranjas), bem como a predisposição para a compra de depoimentos com a finalidade de amparar os seus interesses”.CondenaçãoEm junho do ano passado, o uso de notas frias para comprovar R$ 244,8 mil de verbas de custeio do gabinete do então deputado Sandoval, entre fevereiro de 2013 e fevereiro de 2014 levou à condenação do ex-governador por peculato (desvio de dinheiro público em proveito próprio ou alheio).A prova da condenação, considerada pelo juiz Gil Corrêa, da 1ª Vara Criminal de Palmas, é a denúncia do empresário, também condenado, de que criou uma empresa fantasma apenas para emitir notas fiscais aos gabinetes.O empresário teve como pena o pagamento de 56 dias de multas correspondente a 1/3 do salário da época, algo em torno de R$ 12 mil e Sandoval a 50 dias-multa no valor de dois salários de 2014 (R$ 724 reais) o que dá em torno de R$ 84 mil e à prestação de serviços à comunidade.