Entre o afastamento do governador Mauro Carlesse (PSL) no dia 20 de outubro e o fechamento do ano contábil, no dia 31 de dezembro, o governo interino de Wanderlei Barbosa (sem partido) contratou novos 687 servidores e pagou benefícios salarias que aumentaram em 15% o total de servidores relacionados nas respectivas folhas, e elevaram em 50% o custo total das folhas, dentro de um prazo de aproximadamente 60 dias.Em outubro, a relação de todos os 66.699 servidores que receberam os vencimentos em outubro custou R$ 263,8 milhões. Em dezembro, o total listado com vencimentos pagos no Portal da Transparência subiu para 76.951 e o custo para R$ 396,5 milhões, o que representa uma elevação do custo financeiro de 50%Conforme o levantamento feito pelo JTO nas duas folhas, o número de servidores inativos e pensionistas teve elevação de pouco mais de 1%, mas o total de servidores listados subiu 15%. Você pode conferir neste link a folha de pagamento de outubro de 2021 e, neste outro link, a folha de dezembro de 2021, ambas em formato de planilha.A versão do governoO governo justifica que o crescimento é por tempo determinado e apenas para “socorrer” situações emergências. De acordo com a Secretaria da Comunicação, a variação do quantitativo de servidores “ocorre de modo comum, por fatores como aposentadoria, exonerações, extinções de contratos, novas contratações, nomeações, dentre outros”.A pasta também justifica o aumento pelas licenças médicas em razão da Covid-19 e a necessidade de contratação “para atender as demandas dos serviços públicos que não poderiam ser descontinuados”. A pasta confirma um aumento de 3,5¨% entre outubro e dezembro de 2021, de 687 novos contratos temporários, que passaram de 20.190 para 20.877, de acordo com a nota.Sobre o aumento do custo da folha, o governo defende que os dados de dezembro não demonstram “a regular situação” do custo de pessoal, em razão das progressões. “Como é sabido, foram quitadas progressões e data base para os servidores nessa folha. Esses números consolidados referem-se não apenas à força de trabalho ativa, mas também àqueles vacanciados (sic), inclusive os que receberam em dezembro suas respectivas data base e progressões”, explica a nota.Para o Sindicato dos Servidores (Sisepe) a evolução do quantitativo não se justifica. “Enquanto o governo deve um passivo para servidores efetivos, está colocando contrato e elevando o valor da folha”, critica o presidente da entidade, Cleiton Pinheiro.O sindicalista associou a crítica à Medida Provisória de nº 27, de 22 de dezembro do ano passado. Entre outros pontos sobre o pagamento de progressões e do retroativo, a MP, em seu artigo 4º prevê a quitação do passivo e das que ainda serão concedidas, em 96 parcelas que vão até dezembro de 2030.“Nós recebemos com toda surpresa a Medida Provisória 27 que faz um alongamento para implantar nossos direitos que estão atrasados há muito tempo com a desvalorização total do poder de compra, porque a inflação já comeu a metade desses valores”, reclama Pinheiro.“É uma ilusão essa MP vai na contramão do que o governo propaga que é economizar o direito do efeito, mas o direito está sendo colocado como a última prioridade da administração”, completa, ao adiantar que a entidade vai trabalhar para alterar a MP na Assembleia Legislativa. “Queremos o mínimo de respeito aos nossos direitos. 90 meses para pagar o retroativo é inaceitável”.