Uma mobilização está prevista para ocorrer a partir das 10 horas, nesta quinta-feira, 2, em frente ao Palácio Araguaia, em Palmas. O movimento, que envolve moradores locais e comunidades tradicionais da região do Jalapão, tem o objetivo de chamar a atenção para a lei que autoriza a concessão do Parque Estadual do Jalapão e outros três unidades de conservação à iniciativa privada.O governo marcou para o mesmo horário uma coletiva de imprensa, na sala de reuniões do Palácio Araguaia. Segundo o governo, o secretário de Estado de Parcerias e Investimentos do Tocantins, Claudinei Quaresemin, e o superintendente de Governo e Relacionamento Institucional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Bruno Barros de Souza, anunciarão o início de encontros, chamados de "Diálogo Público" sobre a concessão dos serviços públicos de turismo nos parques estaduais do Tocantins. De acordo com o comunicado do governo, estão previstas consultas e audiências públicas.A aprovação pela Assembleia Legislativa da lei que permite a concessão dos parque estaduais do Tocantins foi realizada no último dia 24 de agosto e, no dia seguinte, sancionada pelo governador Mauro Carlesse (PSL), sem nenhum veto.A Associação Tocantinense de Turismo Receptivo (ATTR) pontua que desde quando foi enviado à AL em junho, o projeto para concessão dos parques estaduais do Jalapão, d Cantão, do Lajeado e do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas já causava polêmica e iniciou-se a pressão por audiências públicas para discussão.“Logo veio o recesso parlamentar, uma única audiência foi realizada no dia 19 de agosto e, na semana posterior, a aprovação pelos deputados. A necessidade é muito grande de informações do projeto, do modelo de concessão, dos impactos ambientais causados”, pontua o presidente da Associação Tocantinense de Turismo Receptivo, Fernando Torres Ferreira Dias.ComunidadesA Associação também destaca que as sete comunidades quilombolas existentes na área do Parque Estadual do Jalapão dependem exclusivamente do turismo e da venda do artesanato de Capim Dourado. “Um é consequência do outro, já que os visitantes vão conhecer os povoados e compram os produtos. O medo é de uma concorrência desleal com as grandes empresas de turismo que vão se instalar com a concessão. Até agora não sabemos como o dinheiro que o Estado vai ganhar será revertido para os municípios da Região”, ressalta o presidente.ConcessãoDocumentação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) consultada pelo Jornal do Tocantins mostra que o governo do Tocantins já sabe como será a concessão dos parques estaduais, como o Jalapão, à iniciativa privada. A documentação inclui um contrato de R$ 2,4 milhões do BNDES com o consórcio Pitiguari, que tem como líder a Spin Soluções Públicas. Pelo contrato, o consórcio vai estruturar a concessão de serviços públicos nos parques do Jalapão e Cantão, no Tocantins. A parte dos dois parques do Tocantins representa pouco mais de meio milhão (R$ 562,8 mil, cerca de R$ 281,4 mil por cada parque) do valor global de R$ 2.477.950,00.JalapãoO Parque Estadual do Jalapão, criado em 2001, é uma área de conservação integral, na zona rural de Mateiros. A única forma de exploração permitida é o ecoturismo ou pesquisas. Junto com a Área de Proteção Ambiental (APA) são 34 mil km² de área de natureza diversa e abundante, que, segundo os manifestantes, não está devidamente planejada sob o aspecto da preservação. “No PL não tem uma linha que fale da parte ambiental. Tem-se uma estimativa de sair dos atuais 40 mil visitantes para 200 mil. Queremos saber o que será feito com o lixo, por exemplo, se nem aterro sanitário temos. Por isso a conversa tem que ser em outros moldes. É participativa”, aposta Dias.