Um plano de comunicação elaborado pelo governo federal para incentivar a vacinação contra a Covid-19 contava com o presidente Jair Bolsonaro tomando a primeira dose da vacina com ampla cobertura da imprensa.O documento, obtido inicialmente pela ONG Repórter Brasil e publicado nessa terça-feira (4), mostra que a estratégia previa ainda um evento com a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o Zé Gotinha, símbolo das campanhas de vacinação no Brasil. As ações, no entanto, não saíram do papel.O planejamento de comunicação é assinado pelo almirante Flávio Rocha, que comandou a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) de 11 de março a 14 de abril.A ideia era aproveitar a transição de poder no Ministério da Saúde – do general Eduardo Pazuello para o cardiologista Marcelo Queiroga – e apresentar uma nova estratégia de comunicação no enfrentamento à pandemia.Apesar do recrudescimento da crise sanitária, contudo, nenhuma das ações envolvendo o presidente foi executada até agora.O plano previa a participação do ministro Marcelo Queiroga na live de Bolsonaro em 1º de abril, quando seria anunciado um mutirão de vacinação no feriado de Páscoa. Até hoje, porém, o ministro não participou de nenhuma transmissão com o presidente.Na live daquele dia, Bolsonaro disse que não precisaria se vacinar por já ter contraído o vírus e que, por isso, estaria protegido. Aos 66 anos, o presidente poderia estar vacinado desde 3 de abril, segundo o cronograma do Distrito Federal.Sem o engajamento do presidente, no entanto, apenas ações de menor impacto no plano foram executadas, como a mudança nos avatares dos ministérios nas redes sociais, destacando a campanha “Brasil Imunizado”, além da realização de coletivas de imprensa semanais com o novo ministro.