O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é o nome com mais chances de “encarnar” a 3ª via em 2022. Eis os motivos citados: é de São Paulo, tem proximidade com o Nordeste e mostrou que consegue vencer eleições “contra tudo e contra todos“.O PSDB marcou prévias para novembro. O principal rival de Doria é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Para o ex-presidente, Eduardo teria mais dificuldades para entrar no jogo político nacional e construir uma candidatura competitiva.“Acho que o Doria tem mais chances porque São Paulo é mais cêntrico. O Doria também tem uma ligação com a Bahia, seus pais são baianos. Isso conta simbolicamente“, disse FHC.No dia 31 de julho, o ex-presidente já havia sinalizado apoio ao governador paulista. “Eu vou falar 1º uma coisa: ele [João Doria] é candidato a presidente e tem o meu voto“, disse na reabertura do Museu de Língua Portuguesa. Agora, FHC detalhou um pouco mais suas razões para colocar Doria adiante do seu adversário no partido.“Acho que ele é um pouco fora do jogo do país. O Rio Grande do Sul está muito longe. É uma dificuldade, mas pode chegar lá“, afirmou.Fernando Henrique Cardoso tem 90 anos e foi presidente duas vezes, de 1995 a 2002. Antes, quando ministro da Fazenda, liderou a equipe que criou o Plano Real. Em 2003, passou a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que era oposição. Dentro do PSDB, é uma das vozes mais respeitadas.Na entrevista, o ex-presidente disse que não será fácil montar uma candidatura que fure a polarização entre o ex-presidente Lula, hoje líder nas pesquisas, e Jair Bolsonaro. E voltou a falar sobre um possível apoio ao petista. E disse que, caso eleito, Lula continuaria fazendo reformas.“Suas reformas não seriam as que eu ou o meu partido faríamos, mas ele não é contra reformas. Enfim, quem não tem cão caça com gato. Se não vier cão com o gato, eu fico com o gato“, disse.FHC e Lula recentemente posaram para uma foto juntos. O gesto, nunca de todo explicado, foi entendido como possível apoio ao petista. Agora, FHC matiza o encontro e diz que a preferência é por uma opção interna no PSDB.FHC estabeleceu diferenças entre Lula e o atual presidente. Disse que, no Palácio do Planalto, Lula nunca atentou contra a democracia. E o descreveu como um “negociador“, sempre disposto a conversar.Ao falar de Bolsonaro, FHC disse que é preciso atenção aos seus movimentos contra a democracia. Ele definiu o presidente como “tosco“, mas não bobo. Disse não acreditar que tente um golpe, já que em sua avaliação não há apoio político para isso.“Depende de nós fazer valer as instituições. Não sei como são os impulsos psicológicos dele, mas na prática não consegue [agir contra a democracia]“, disse.