Nesta quarta-feira, 19, começou a segunda metade dos 180 dias determinados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o afastamento do governador Mauro Carlesse (PSL) do Palácio Araguaia. Nos primeiros 90 dias, completados na terça-feira, 18, a principal vantagem do governador no conturbado cenário político do Estado é a devolução do prazo para responder ao processo de Impeachment na Assembleia Legislativa, que só começará a partir de 1º de fevereiro. No STJ, a banca de defesa, composta pelos advogados Antonio Nabor Areias Bulhões e Carolina Luiza de Lacerda Abreu, aguarda julgamento de um recurso no qual pede que a Corte Especial revogue as medidas cautelares impostas pelo mesmo colegiado no dia 20, o que inclui a suspensão do mandato de governador, a proibição de entrar nos prédios públicos estaduais e de manter contato com servidores do Poder Executivo e sócios dele, investigados nos inquéritos que tramitam naquele tribunal.O JTO entrou em contato com a banca de Carlesse que atua no STJ, mas não obteve resposta até a publicação do texto. O governador, por meio de assessoria de imprensa, afirma aguardar decisão favorável da Corte Especial sobre seu retorno ao exercício do cargo."Na análise do recurso junto à Corte Especial, o governador Mauro Carlesse espera que o direito de defesa seja plenamente exercido e que a documentação apresentada seja efetivamente levada em consideração na elucidação das ilações apontadas para que seja garantido o seu retorno ao cargo para o qual foi democraticamente eleito", afirma, em nota.Em nota, reclama que o afastamento "se deu com base apenas em inquérito policial". Embora nunca tenha comparecido espontaneamente à Polícia Federal para depor, afirma na nota não ter sido ouvido durante a investigação e que, por isso, não pode "apresentar seus argumentos e documentação em contraponto às acusações." Ganhou tempo no impeachment Já sua defesa no processo de Impeachment, formada por Juvenal Klayber, Gizella Magalhães Bezerra e Adriano Guinzelli, preparam a documentação com a qual tentarão barrar o processo de impeachment, nesse momento, ainda com caracteres políticos. Pela técnica, o impeachment caminha para se tornar político e jurídico, avalia Klayber, que esperar barrar o processo ainda nessa primeira fase, em que a comissão terá que analisar se há condições jurídicas para que o impeachment siga adiante.Em tese, o impeachment nasceu no dia 7 de dezembro, após o presidente da Casa, Antônio Andrade (PSL) ter aceito a representação formulada pelo advogado Evandro Araújo de Melo Júnior, mas a comissão só conseguiu notificar Mauro Carlesse no dia 27 de dezembro, por hora certa – em horário marcado com a secretária do político- quando iniciou o recesso parlamentar. Com isso, a defesa peticionou e o presidente da comissão, Elenil da Penha (MDB) reconheceu que o prazo de 15 dias para que ele se manifeste no processo começa no dia 1º de fevereiro.“A própria comissão entendeu de deferir o nosso pedido, de que esse prazo não poderia funcionar no recesso, porque se o fizesse contraria o princípio do contraditório e ampla defesa, que são princípios constitucionais, por isso vimos com bons olhos, dessa decisão, e no momento correto do prazo correto, nós indicaremos as razões porque esse processo político não merece prevalecer na Assembleia”, avalia Klayber.A estratégia da banca será tentar convencer o parlamento de que a natureza política do processo, que recai sobre fatos também apurados na esfera jurídica, não pode se antecipar ao veredito do judiciário, uma precipitação que a banca considera ilegal.“"Reuniremos provas e juntaremos teses que, em nossa avaliação, servirão para a análise não apenas da Comissão Especial, mas também dos deputados, porque não podemos adiantar no processo político algo que ainda está sendo investigado no âmbito jurídico”, completa.No domingo, Mauro Carlesse foi visto, em Lajeado, cidade vizinha à capital. Ele estava sentado em mesas na Praia do Segredo, um ponto turístico às margens do Rio Tocantins, antes da Usina Hidrelétrica de Lajeado.