Um dia após ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro na ONU, o cacique Raoni Metuktire, 89 anos, líder indígena da etnia caiapó, visitou a Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24) para reunião com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e para se manifestar contra o discurso presidente.Em discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (24), Bolsonaro disse que Raoni é usado como “peça de manobra por governos estrangeiros”. O presidente não citou quais seriam esses governos, mas, recentemente, o líder indígena se reuniu com o presidente da França, Emmanuel Macron.“A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros”, afirmou o presidente, no discurso.Reconhecido como um dos líderes indígenas de maior influência internacional, Raoni, em conjunto com deputados da oposição, defendeu o afastamento de Bolsonaro da Presidência.“Eu quero falar pra vocês que meu pensamento é tranquilo, que meu pensamento é pela paz. O Bolsonaro falou que eu não sou uma liderança e ele é que não é uma liderança e tem que sair. Antes que algo muito ruim aconteça, ele tem que sair, para o bem de todos. Eu volto a repetir que minha fala é para o bem viver, minha fala é tranquila, que todo mundo viva com saúde”, disse o cacique em entrevista a jornalistas na Câmara.Em oposição à visita do cacique Raoni, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), levou outros indígenas à Casa, apoiadores de Bolsonaro, para contrastar com o discurso do líder da etnia caiapó.Entre os indígenas que acompanharam o deputado, estava Ysani Kalapalo. Ela criticou a mídia e disse que a Amazônia está preservada quando esteve, junto à comitiva presidencial, na Assembleia Geral da ONU.