Na manhã desta terça-feira (16), o plenário da Câmara Municipal de Goiânia foi tomado por um debate sobre medidas contra a Covid-19. De um lado, vereadores defendiam o "tratamento precoce" com uso de remédios que não têm eficácia contra o vírus comprovada e, de outro, parlamentares defendiam o uso de máscaras e o distanciamento social.O debate começou depois que o vereador Cabo Senna (Patriota) subiu à tribuna para falar das suas perdas para a Covid-19. A mãe e o irmão do parlamentar morreram vítimas da doença na semana passada. Além dele, os vereadores Edgar Duarte (PMB) e Lucas Kitão (PSL) perderam os pais pelo mesmo motivo nos últimos dias.Na tribuna, Senna pediu que as pessoas "não brinquem com a vida". "Vou usar a palavra que a minha sobrinha usou: tome tento da sua vida! Se você não se preocupa com a sua, preocupe-se com a dos outros", disse.O vereador Anselmo Pereira (MDB) falou em seguida defendendo o "tratamento precoce" contra a Covid-19 e lembrou que a vereadora Gabriela Rodart (DC) solicitou uma audiência pública para a próxima semana sobre o tema. A parlamentar é contra o uso de máscaras e, como o Giro mostra na edição de hoje do POPULAR, chegou a pedir a dispensa da utilização do item de proteção por um desvio no septo, o que foi negado pela Casa.O vereador Sargento Novandir (Republicanos) aproveitou a oportunidade para apresentar um requerimento para que as sessões na Casa voltassem a ser remotas, diante da segunda onde de contaminações que toma a capital e o Estado. Rodart, porém, voltou a defender o tratamento precoce, inclusive criticando o isolamento social. "Precisamos prevenir, pois o isolamento social se mostra completamente fracassado", afirmou, sem máscara.Clécio Alves (MDB) aproveitou para questioná-la: "Diante do atual cenário, a senhora não se preocupa de ficar sem máscara?". E ela respondeu que poderia convocar uma audiência pública para discutir o tema.A vereadora Aava Santiago (PSDB) lembrou as perdas de familiares de vereadores para a Covid-19 e reforçou a necessidade de retomar as sessões remotas na Casa. "Será possível que mesmo com tantas pessoas enlutadas ao nosso redor, vamos continuar agindo como se nada estivesse acontecendo? A gente vai encarar a morte com naturalidade? A vida não está normal! Precisamos colocar um regime de escalonamento nesta Casa."O vereador Marlon dos Santos (Cidadania) também rebateu Rodart: "Fico muito preocupado com a sua fala em uma semana com praticamente todos os leitos de UTI ocupados. Devemos respeitar os protocolos de prevenção à Covid-19."Clécio voltou a falar das máscaras e disse que, se pudesse, usava 30. Mauro Rubem (PT) também se manifestou e fez críticas duras à defesa do tratamento precoce, que não tem comprovação científica. "A ciência mundial já mostrou que não existe tratamento precoce. Isso não tem eficácia."Rodart rebateu citando que há médicos que defendem o tratamento precoce e criticou mais uma vez a obrigação das máscaras. Clécio voltou a falar e sugeriu que a Casa votasse, então, sobre o uso obrigatório da proteção facial. "Os cientistas do mundo inteiro defendem a eficácia do uso de máscara, álcool em gel e distanciamento. É uma questão de saúde pública! Mas o plenário é soberano."A vereadora, no entanto, rebateu que matéria a respeito já foi discutida e lembrou da Lei que penaliza quem não estiver usando máscara em Goiânia. A discussão foi encerrada por Anselmo Pereira, que pediu que o debate fosse feito na audiência pública.Depois da discussão, o presidente da Casa, vereador Romário Policarpo (Patriota), informou a restrição, a partir desta quarta-feira (17), para que apenas vereadores possam estar presentes em plenário. "As galerias para visitantes e as tribunas destinadas aos assessores parlamentares e à imprensa ficarão fechadas, por tempo indeterminado", diz informe da mesa diretora.