No vasto cenário das letras universais, poucas instituições possuem o prestígio simbólico e intelectual da Académie Française, fundada em 1635 sob o reinado de Luís XIII e sob a orientação do cardeal Richelieu. Criada para zelar pela pureza da língua francesa, a Academia foi, ao longo de quase quatro séculos, muito além de sua vocação original. Tornou-se um altar de reconhecimento à contribuição global para a cultura literária. Sua abertura ocasional a autores não franceses representa momentos históricos de consagração e reverência aos grandes nomes da literatura mundial. Tradicionalmente composta por 40 "imortais", a Academia Francesa representa o que há de mais sólido no pensamento literário do Ocidente. Seus membros são escolhidos por mérito intelectual e contribuição artística. Ainda que centrada na língua francesa, a instituição jamais se isolou: sempre acompanhou os grandes movimentos literários do mundo, do romantismo ao realismo, do simbolismo às vanguardas, reconhecendo a centralidade da literatura como força civilizatória. O ingresso de autores estrangeiros é raro e carrega profundo significado simbólico, pois legitima não apenas uma carreira individual, mas também o valor de uma cultura inteira.