Frequentemente revisito as obras do mais universal escritor do mundo ocidental: William Shakespeare. São páginas que, por mais que as reviremos, sempre devolvem novos sentidos. Neste momento, volto meus olhos para Sonho de uma Noite de Verão, uma das mais fascinantes e engenhosas peças do bardo inglês. O que mais me encanta nesta obra não é apenas a leveza cômica ou o enredo fantástico, mas a maneira magistral com que Shakespeare constrói a história a partir de três vértices narrativos que se entrelaçam em ritmo de sonho. A peça se desenvolve em torno de três núcleos principais: os amantes atenienses, os artesãos e o mundo das fadas. Esses três vértices se cruzam em uma floresta mágica, onde as leis da lógica cedem lugar ao poder do desejo, da ilusão e da transformação. No primeiro vértice, acompanhamos quatro jovens — Hermia, Lisandro, Demétrio e Helena — enredados em um quadrado amoroso. Hermia ama Lisandro, mas é prometida a Demétrio, que por sua vez é amado por Helena. Movidos por paixões e fugas, eles adentram a floresta, onde seus sentimentos serão manipulados por forças sobrenaturais, revelando a fragilidade e o absurdo das emoções humanas.