O Brasil vive uma expansão explosiva e desordenada das faculdades de medicina, um fenômeno que, observado com atenção, revela um futuro preocupante para a profissão médica e para a própria estrutura sanitária do país. Historicamente, a medicina brasileira nasceu com Dom João VI, que criou a primeira faculdade na Bahia. Foram necessários 190 anos para que o país alcançasse, com muito esforço institucional, o número de 100 escolas médicas. Hoje, esse marco parece quase folclórico diante da avalanche recente: o Brasil conta atualmente com 494 faculdades de medicina. Apenas nos dois últimos anos, o Ministério da Educação autorizou o funcionamento de mais 77 cursos, impulsionando o país ao segundo lugar mundial em número de escolas médicas, atrás apenas da Índia, que possui 605. A comparação, no entanto, exige um detalhe fundamental: a Índia tem uma população sete vezes maior que a brasileira.