A Comissão de Inteligência da Câmara dos Estados Unidos revelou nesta terça-feira, 3, um relatório no qual afirma que o presidente Donald Trump "usou o poder de seu cargo para solicitar interferência estrangeira a seu favor nas eleições de 2020". De acordo com o documento, o "esquema" do republicano "subverteu a política externa dos Estados Unidos em relação à Ucrânia e desgastou nossa segurança nacional em favor de duas investigações de motivações políticas que poderiam ajudar sua campanha presidencial rumo à reeleição". O relatório, que é uma das etapas do inquérito de impeachment contra Trump e resultado de audiências realizadas ao longo dos últimos dois meses. "As provas da má conduta do presidente são esmagadoras, assim como as evidências de sua obstrução ao Congresso", diz o relatório, destinado a apoiar acusações formais contra Trump.O presidente americano é acusado de pedir ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, para investigar o ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à Casa Branca Joe Biden e o filho dele, Hunter. Na polêmica, Hunter foi acusado por Trump de ter cometido ilegalidades enquanto seu pai estava na Casa Branca. Em 2016, o ex-vice de Barack Obama pressionou pela demissão de um procurador ucraniano que era tido como corrupto pelos EUA e pela União Europeia, mas que na época investigava uma empresa de energia que tinha Hunter como conselheiro. Trump questiona os motivos por trás da pressão de Biden sobre Kiev e ainda acusa o filho do pré-candidato de ter feito negócios na China durante uma viagem oficial de seu pai. O republicano teria pressionado a Ucrânia a investigar os Biden durante um telefonema em julho deste ano e também pediu publicamente para a China apurar sua suspeita. Filho do ex-vice presidente dos EUA trabalhou durante anos em empresa ucraniana e Trump o acusa de interferir em investigações para interesse próprioA pressão de Trump sobre Kiev motivou a abertura de um inquérito de impeachment na Câmara dos Deputados, que é dominada pelo Partido Democrata, por suspeita de abuso do poder do cargo para fazer um líder estrangeiro investigar um adversário político. O magnata, por sua vez, afirma que não houve nenhuma troca de favores que pudesse levá-lo a perder o cargo, apesar de não negar que tenha conversado sobre o assunto com o líder ucraniano. No documento revelado hoje pela Comissão de Inteligência da Câmara é relatada duas possíveis irregularidades cometidas por Trump: má conduta e obstrução. Na primeira, o republicano condicionou um encontro oficial e ajuda militar à Ucrânia a anúncios de investigações que favoreceriam sua campanha pela reeleição. Já a segunda, ele obstruiu o inquérito de impeachment ao instruir testemunhas e agências que ignorassem as intimações oficiais da Câmara, de maioria democrata. Agora, a partir de quarta-feira, 4, serão realizadas as audiências que determinarão as acusações formais que serão apresentadas aos deputados americanos. / ANSA e AFP