Um novo tratamento que amplia as chances de cura de pacientes com hepatite C estará disponível no SUS até dezembro deste ano, de acordo com o Ministério da Saúde. A nova terapia é composta pelos remédios daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir, até então disponíveis apenas no exterior. Até aqui, pacientes recorriam à Justiça para fazer com que o SUS e os planos de saúde disponibilizassem os medicamentos, a custos que chegavam a US$ 250 mil.Hoje, o tratamento disponível na rede pública, à base dos remédios boceprevir e telaprevir, tem chances de cura de até 47%. Com os novos remédios, esse índice chega a 90%. Já o tempo de tratamento passa de um ano, em média, para três meses. A possibilidade de trazer os medicamentos ao Brasil já havia sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início deste ano, mas ainda não havia previsão de data para inclusão dos remédios no SUS. A inclusão dos três medicamentos faz parte do novo protocolo clínico para diagnóstico e tratamento da doença, divulgado pelo governo ontem. “É uma revolução no tratamento da hepatite C nos moldes do que ocorreu com a Aids e os coquetéis”, compara o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Segundo ele, o valor a ser investido com a nova terapia –só neste ano, serão R$ 500 milhões– é 2,5 vezes menor que o aplicado atualmente, devido a descontos de até 90% obtidos no preço dos produtos.ProtocoloAlém dos medicamentos, o novo protocolo incorpora ao SUS três novas alternativas de exames capazes de detectar complicações por hepatite C e que definem a necessidade de início do tratamento. Antes, isso era possível apenas por meio de biópsia. “Era um procedimento invasivo, que poucos hospitais tinham condições de fazer”, explica Fábio Mesquita, do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.Agora, há possibilidade de adotar outros modelos, por meio do cruzamento do resultado de exames de sangue ou por uma elastografia hepática, exame que verifica o grau de comprometimento do fígado.Cerca de 10 mil casos de hepatite C são notificados por ano no Brasil. A doença, de poucos sintomas, pode levar a complicações como câncer de fígado, que responde hoje por 31% a 50% dos transplantes em adultos.