Candidato favorito à Presidência da Argentina na eleição que ocorreu ontem em primeiro turno, Alberto Fernández usou sua conta no Twitter para parabenizar o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Além do texto, Fernández postou uma foto fazendo um “L”, cercado por correligionários que também repetiam o gesto.“Também hoje faz anos meu amigo Lula, um homem extraordinário que está injustamente preso há um ano e meio”, afirmou Fernández em espanhol. “Parabéns pra você, querido Lula”, escreveu o candidato em português, no dia em que o brasileiro completou 74 anos. “Espero vê-lo em breve”, complementou, voltando à sua língua materna. A mensagem ainda vem acompanhada da hashtag “LulaLivre”.No Brasil, em várias cidades militantes petistas e simpatizantes da campanha “Lula Livre” promoveram ontem eventos em comemoração dos 74 anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula nasceu em 27 de outubro de 1945, na cidade pernambucana de Caetés.Mais cedo, Fernández divulgou uma foto do momento em que depositava seu voto, agradecendo o apoio do eleitorado. “Agora é tempo de que trabalhemos todos para construir a Argentina que sonhamos. Uma Argentina para todos. Uma Argentina de pé”, afirmou.Em outra mensagem, ele lembrou que há exatos nove anos morria o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), de quem foi chefe de gabinete. “Sinto muita saudade de você, amigo. Eternos agradecimentos”, escreveu. A candidata a vice-presidente na chapa de Alberto Fernández é Cristina Kirchner, ex-presidente (2007-2015) e viúva de Néstor.Pouco depois de saírem as notícias de apuração, Fernández disse aos jornalistas reunidos perto de sua casa que este foi um “grande dia” e que “a Argentina vai se sair bem”. Macri, por sua vez, pediu pelo Twitter “paciência e tranquilidade enquanto se contam os votos”.Já no início da manhã desta segunda-feira, 28, confirmou o que as pesquisas de boca de urna consideravam: Fernández é o novo presidente da Argentina. Populismo x inflaçãoOs intermináveis discursos populistas de Cristina Kirchner ou a inflação mensal de 5% de Mauricio Macri. A expansão no gasto público promovida por ela ou aumento da pobreza registrado sob o governo dele.Em uma campanha em que argentinos não identificados com nenhum dos lados se viram levados a escolher o legado menos negativo, o advogado Alberto Fernández parece ter convencido até a parcela que rejeita Cristina a colocá-lo na Presidência.Sem nunca ter sido eleito para um cargo no Executivo, mas também sem histórico de submissão, Fernández foi escolhido em maio por Cristina para encabeçar a chapa presidencial peronista. Ele havia sido chefe de gabinete de Néstor Kirchner e da própria Cristina, com quem se desentendeu em 2008.Em agosto, nas primárias que servem como simulado da eleição, o professor universitário de 60 anos surpreendeu ao abrir 16 pontos de vantagem sobre Macri. Uma diferença suficiente para vencer no primeiro turno. Na Argentina, ganha que obtiver 45% dos votos ou mais de 40% com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.Predomina entre os analistas a opinião de que Fernández exercerá o poder se vencer. “Será um governo em que ele comandará, pois o presidencialismo é muito forte na Argentina. Mas o segredo dessa chapa é ter conseguido reagrupar o peronismo. Os governadores terão um papel fundamental, e Cristina também terá o seu”, avalia o analista político Sergio Berensztein.