O Facebook bloqueou o acesso dentro da Tailândia a um grupo de 1 milhão de membros, crítico ao rei do país, mas afirmou que planeja contestar na Justiça a ordem do governo para fazer essa restrição.O episódio ocorre em meio a protestos quase diários de jovens contra o governo e por manifestações sem precedentes por reformas na monarquia.O grupo “Mercado Realista” foi criado em abril por Pavin Chachavalpongpun, um acadêmico e crítico da monarquia autoexilado.Na segunda-feira (24) à noite, apareceu uma mensagem: “O acesso a este grupo foi restrito dentro da Tailândia devido a uma demanda legal do Ministério da Economia Digital e da Sociedade”.Pavin, que mora no Japão, disse que o Facebook cedeu à pressão do governo dominado por militares."Nosso grupo é parte de um processo de democratização, é um espaço para a liberdade de expressão”, disse à Reuters."Ao fazer isso, o Facebook está cooperando com um regime autoritário na obstrução da democracia e cultivando o autoritarismo na Tailândia.”Pavin criou um novo grupo com o mesmo nome que já tem 455 mil membros nesta terça (25).O Facebook afirma que planeja contestar legalmente o governo após ser “compelido” a bloquear o acesso ao grupo."Ordens como essa são severas, violam leis internacionais de direitos humanos e têm um efeito terrível na habilidade de as pessoas se expressarem”, disse um porta-voz da empresa de tecnologia."Trabalhamos para proteger e defender os direitos de todos os usuários de internet e estamos nos preparando para contestar legalmente essa ordem.”A base usada pelo governo para pedir bloqueios como esse às empresas de mídias sociais são as leis de lesa-majestade da Tailândia, que proíbem difamar o rei, com penas de até 15 anos de prisão.No início deste mês, o ministro digital do país asiático acusou o Facebook de não cumprir com requisitos para restringir conteúdos, incluindo insultos à monarquia.No dia 10 de agosto, ele deu à empresa americana 15 dias para cumprir as ordem da Justiça ou estaria sujeito a pagar multas de até US$ 6.000 por dia.O porta-voz do ministério, Putchapong Nodthaisong, disse na segunda-feira (24) que o Facebook cooperou antes do prazo porque entendeu o contexto da sociedade tailandesa.Questionado nesta terça pela Reuters, ele não comentou sobre os planos do Facebook de entrar com uma ação contra a exigência.O ministério também entrou com uma reclamação por cibercrime contra Pavin por criar o grupo.Os protestos ocorridos neste mês na capital, Bancoc, pedem a saída do primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, ex-comandante do Exército tailandês e líder do golpe que instalou um regime militar por cinco anos. Com novas eleições muito contestadas, em 2019, Chan-ocha manteve o cargo, apoiado pelas Forças Armadas.Em fevereiro deste ano, uma decisão judicial baniu um partido de oposição e garantiu maioria confortável para o premiê no Parlamento. Desde então, estudantes têm liderado protestos que ocorrem quase diariamente.