Uma emenda aprovada em abril que coloca fim à proibição da prática do aborto na Coreia do Sul entrou em vigor na sexta-feira (1º). Durante os últimos 67 anos, a prática era permitida apenas para vítimas de estupro ou em casos em que a gravidez representasse risco à saúde da gestante.A lei de 1953 foi revista depois de uma médica ser processada por realizar quase 70 abortos. Ela disse que a proibição colocou as mulheres em perigo e limitou seus direitos.A mudança ocorre depois de um crescente movimento de luta pelos direitos das mulheres na Coreia do Sul. Ativistas pró-escolha dizem que a proibição da prática do aborto é parte de um viés mais amplo contra as mulheres no país.No entanto, a Coreia do Sul abriga um grande número de cristãos evangélicos – e alguns querem que o aborto permaneça ilegal porque eles dizem que força as mulheres a pensar profundamente sobre a decisão.Para Na Young, líder da associação Share, que defende os direitos das mulheres, a descriminalização é uma vitória.“As disposições penais sobre o aborto na lei que o criminalizava não estão mais em vigor a partir de 1º de janeiro de 2021. Estou muito feliz em compartilhar esta boa notícia da Coreia do Sul ”, afirmou Young.Não há um limite oficial para a prática do aborto no país. O movimento pró-vida está reagindo e se organizando para aprovar emendas. Ao todo, 8 emendas foram apresentadas na Assembleia Nacional.Uma das propostas, por exemplo, era de proibir o aborto depois de 6 ou 10 semanas de gravidez.Alguns grupos de direitos das mulheres também querem uma estrutura legal, que garanta o acesso ao aborto para todos e cobertura do sistema de saúde para a prática.Apesar da lei restritiva de 1953, os abortos sempre foram amplamente acessíveis na Coreia do Sul e podiam ser realizados com segurança.Uma pesquisa realizada no ano passado descobriu que uma em cada 5 mulheres que estava grávida havia feito um aborto.Estima-se que 50.000 abortos foram realizados na Coreia do Sul em 2017, em comparação com as estimativas do governo de cerca de 169.000 casos em 2010.Essa queda é atribuída em grande parte a melhorias nos serviços e produtos contraceptivos, que agora estão amplamente disponíveis.