As construções do município de Natividade, a 300 km de Palmas, contam histórias. São todas do século XVIII. Época em que ter detalhes desenhados à mão e beirais imponentes na frente da casa, refletiam a condição financeira da família. Quem tinha dinheiro, fazia os enfeites. As características coloniais e a influência do estilo barroco, que permanecem na arquitetura até hoje, fizeram com que o município mais antigo do Tocantins fosse tombado pelo Iphan em 1987. Desde então, uma lei federal impede que as construções sejam modificadas. Tal situação, porém, para alguns moradores, é sinônimo de problema.É o caso da cabeleireira Renata Braz, que tenta pintar as paredes do salão de beleza dela há quatro meses para tirar o descascado, as manchas de infiltração e dar uma aparência mais limpa para o negócio, mas, segundo ela, o Iphan dificulta. “Se você circular pela cidade, vai ver que as casas estão feias. Esta fachada é determinada pelo Iphan, as cores também foram determinadas pelo Instituto. Não quero mudar cores nem nada, eu só quero pintar da mesma cor e eu tenho que fazer um requerimento para pedir documentação do dono para que o órgão libere”, reclama.A reclamação da Renata é a de muitos moradores, que afirmam que o Iphan não permite que reformas sejam feitas pra consertar o que se estragou com o tempo. Já o superintendente do órgão no Tocantins, Antonio Miranda, disse que não é bem assim. Segundo ele, reformas e reparos são autorizados desde que o proprietário do imóvel faça o pedido e apresente a documentação exigida. “As reformas são classificadas em simplificadas e comuns. Todas essas fases, intervenções, o Iphan precisa ser informado. A gente precisa de documentos, não basta ser uma solicitação verbal”, explicou.-Imagem (1.503026)