Quando alguém quiser entender o significado da expressão "placar enganoso" no futebol, basta assistir os 90 minutos de Brasil e Alemanha, pelo torneio olímpico de futebol masculino, nesta quinta-feira (22).A seleção comandada por André Jardine estreou com vitória por 4 a 2, mas poderia ter feito mais gols. Muito mais, na verdade. Seria a chance para devolver os 7 a 1 aplicados pelos alemães na semifinal da Copa do Mundo de 2014, no Mineirão.Claro que a partida de sete anos atrás foi muito mais importante e histórica, mas conseguir uma goleada expressiva contra os germânicos massagearia o ego do torcedor nacional. Com o resultado, o Brasil começa na liderança no grupo D dos Jogos de Tóquio. Em outro jogo da chave, a Costa do Marfim derrotou a Arábia Saudita, mas com um gol a menos de saldo: 2 a 1.O confronto aconteceu no Yokohama International Stadium onde, em 2002, Brasil e Alemanha se enfrentaram na decisão do Mundial e Ronaldo anotou duas vezes para selar o título do elenco que ficou conhecido como "família Felipão", em alusão ao treinador Luiz Felipe Scolari. O mesmo do 7 a 1.O Brasil fez três no primeiro tempo nesta quinta. Poderia ter feito sete. Não foi ameaçado em nenhum momento pela Alemanha, dominou a partida e se, abriu o placar aos sete minutos, poderia tê-lo feito antes.Antony cortou a defesa adversária com um único passe, que encontrou Richarlison, que seria em 2021 uma mistura de Thomas Muller e Miroslav Klose de 2014. O atacante do Everton (ING) fez o primeiro. Ele foi para o vestiário 38 minutos depois com mais dois na bagagem.Aos 22, completou cruzamento de Guilherme Arana. Oito minutos mais tarde, chutou cruzado após assistência de Matheus Cunha.Várias vezes na etapa inicial o Brasil chegou como quis à área do adversário. Em algum lugar da Alemanha, a versão teutônica de Galvão Bueno deve ter gritado: "lá vem eles de novo! Olha só que absurdo!", como o original sul-americano fez em 2014.Matheus Cunha até desperdiçou um pênalti, defendido por Florian Mueller.Foi a 8ª vitória em 14 estreias olímpicas do futebol masculino brasileiro. Algo que não aconteceu na Rio-2016, por exemplo. No torneio em que a seleção terminou com a medalha de ouro, na primeira rodada empatou em 0 a 0 com a África do Sul.Nem mesmo diminuindo o ritmo e a velocidade do jogo na etapa final o time de Jardine deixou de criar chances. Matheus Cunha perdeu uma e Claudinho desperdiçou outra. Antony foi pelo mesmo caminho. A Alemanha descontou aos 11 com um chute fraco do meia Amiri. O goleiro Santos falhou.Se a partida já estava definida desde o momento em que Richarlison abriu o placar, isso ficou mais claro ainda aos 17, quando o capitão Arnold foi expulso. A Alemanha convocada pelo técnico Stefan Kuntz não tem nenhum nome do Bayern de Munique, o clube mais importante do país.Se o jogador mais experiente brasileiro é Daniel Alves, 38, um personagens mais vencedores da história do futebol mundial, o seu correspondente no adversário era Max Kruse, 33, do Union Berlin.Mesmo com todas essas diferenças técnicas, de fama dos elencos e de 11 contra 10 em campo, a Alemanha voltou a marcar. Aos 37, o atacante reserva Ache cabeceou sozinho.A diferença mínima poderia passar a imagem de que o jogo foi difícil. Não foi. Para evitar isso, Paulinho selou o 4 a 2 nos acréscimos.O Brasil estreou com vitória, mas poderia ter obtido uma goleada incontestável em Yokohama, palco do pentacampeonato de 2002.FICHA TÉCNICABRASIL: Santos; Daniel Alves, Diego Carlos, Nino e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Malcom, aos 18/2ºT); Richarlison (Reinier, aos 28/2ºT), Matheus Cunha e Antony (Paulinho, aos 28/2ºT). Técnico: André Jardine.ALEMANHA: Florian Muller; Benjamin Henrichs, David Raum, Felix Uduokhai e Amos Pieper (Torunarigha, no intervalo); Arne Maier, Maximilian Arnold, Nadiem Amiri (Teuchert, aos 28/2ºT) e Anton Stach (Schlotterbeck, aos 34/2ºT); Marco Richter (Eduard Lowen, aos 22/2ºT) e Max Kruse (Ragnar Ache, aos 22/2ºT). Técnico: Stefan Kuntz.Local: Estádio Internacional de Yokohama, em Yokohama (Japão)Árbitro: Ivan Barton (El Salvador)Cartões amarelos: Douglas Luiz (Brasil); Amos Pieper, Maximilian Arnold, Henrichs, Uduokhai (Alemanha)Cartão vermelho: Maximilian Arnold (Alemanha) GOLS: Richarlison, aos 6/1ºT (1-0), Richarlison, aos 21/1ºT (2-0), Richarlison, aos 29/1ºT (3-0), Nadiem Amiri, aos 10/2ºT (3-1), Ragnar Ache, aos 38/2ºT (3-2) e Paulinho, aos 48/2ºT (4-2).-Imagem (1.2288245)-Imagem (1.2288246)-Imagem (1.2288247)