Enquanto no Brasil a pandemia é tratada com desdém por alguns, vira motivo de briga política para outros e ainda não se sabe ao certo quando começa a vacinação contra a covid-19, a fisioterapeuta tocantinense Mônica Damasceno de Freitas, 34 anos, não escondeu a emoção e um certo alívio ao tomar a primeira dose da vacina Pfeizer no último dia 16, no Texas Children’s Hospital, onde trabalha desde 2019, em Houston, Texas (EUA).

Mônica receberá a segunda dose no próximo dia 6 de janeiro e revela a sensação que teve ao ser imunizada: “Foi um presente pra mim, tenho esperança de que vamos ter a nossa liberdade novamente”. Ela conta que não teve nenhuma reação à vacina.

Morando nos Estados Unidos desde 2012, Mônica diz que seus hábitos mudaram bastante a partir da pandemia: “Eu evitava e ainda evito ficar em lugares aglomerados. O uso de máscara é constante em meu trabalho e por onde ando”. E reforça o alerta de que é preciso ter muito cuidado com a doença.

Ela diz que no hospital onde trabalha não há muitos casos de covid, não tem contato com esse tipo de paciente, mas mesmo assim diz ter medo da doença: “Tenho receio de ser contaminada e infectar pessoas próximas como minha mãe - que está em casa comigo -, amigos ou colegas de trabalho e os pacientes críticos que atendo na UTI”.

Nascida em Miranorte, criada em Paraíso do Tocantins e graduada em Fisioterapia pelo Ceulp/Ulbra (Palmas), Mônica trabalha na reabilitação de pacientes críticos na UTI do Texas Children’s Hospital desde 2019. Antes, percorreu uma interessante trajetória de qualificação.

Depois de se formar em Palmas, fez pós-graduação na ENSP Fiocruz (Escola Nacional de Saúde Pública), doutorado em Fisioterapia pela Utica College New York e Treinamento Especial (Physical therapy Critical Care Fellowship) no Houston Methodisc Hospital – Texas Medical Center para trabalhar na função que desempenha atualmente.

Entre 2012 e 2014 se entregou ao processo de validação do seu diploma de fisioterapeuta nos Estados Unidos. Teve aulas para equivalência do diploma brasileiro com o norte-americano, fez prova de inglês (Toefl) e por último prova nacional de Fisioterapia para obter a licença no país, a exemplo do que fazem os profissionais de lá.

Por motivos de trabalho, de 2014 a 2017 morou em Beaumont (Texas), uma cidade próxima a Houston, retornando em 2017 para fazer treinamento em Fisioterapia de Pacientes Críticos (Physical Therapy Critical Care Fellowship). Ela conta que nos Estados Unidos há apenas três hospitais que oferecem esse curso e foi selecionada para a vaga em Houston.

VACINAÇÃO

Ao contrário do que ocorre no Brasil e a exemplo de países da Europa e também da América do Sul, quase dois milhões de doses de vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna contra a Covid-19 já foram aplicadas nos Estados Unidos desde o dia 16 deste mês, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de lá.

Os alvos no primeiro momento são 21 milhões de profissionais de saúde como Mônica Freitas e três milhões de idosos que estão em casas de repouso. Trata-se de um ânimo no país mais atingido pela pandemia no mundo – são mais de 300 mil mortos e perto de 17 milhões de infectados.

Com mais de 190 mil óbitos e mais de 7,5 milhões de infectados, o Brasil ainda não sabe exatamente quando começa a vacinação. Mesmo ainda sem o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Governo de São Paulo já adquiriu insumos e milhares de doses da vacina chinesa Coronavac, fruto de acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac. Enquanto a vacina não é realidade por aqui, o melhor mesmo continua sendo distancialmento social, máscaras e higiene.