Com a suspensão dos atendimentos eletivos conveniados ao Plansaúde nos hospitais particulares, devido à falta de repasses feitos pelo governo do Estado, a alternativa dos usuários do plano, que têm o valor do convênio descontado no contracheque, é pagar pela consulta ou procurar atendimento em hospital público. Apenas os atendimentos de urgência e emergência continuam operando normalmente.

Morador de Taguatinga, o professor Quenidi Tadeu Bonatti, 49 anos, procurou atendimento em um hospital particular de Palmas, ontem, devido às dores constantes que sente no braço e ombro após fraturar a cabeça do úmero direito em agosto do ano passado. Com pinos no local por conta das duas cirurgias já realizadas, ele contou que preferiu pagar pela consulta e exames do que esperar o atendimento regularizar. “Eu paguei R$ 150,00 da consulta porque o médico me deu um desconto e R$ 250,00 com os exames, mas depois vou ao Plansaúde ver como fica meu reembolso porque no meu contracheque vem descontado todo mês”, disse.

O diretor de um hospital particular da Capital Valter Castro disse que desde setembro os hospitais não recebem o valor da fatura adequadamente e não é possível emitir nota fiscal antes de receber o pagamento, o que acarretou em um estoque de dívidas. “Tem hospital que já pegou dinheiro emprestado no banco três vezes para pagar tributos e a folha de pagamento do pessoal”, informou.

Para garantir os 30% dos atendimentos, os pacientes que chegam aos hospitais passam por uma triagem realizada por um médico que classifica o acolhimento, se for considerado urgência e emergência o usuário é atendido pelo plano. “Não existe a omissão hospitalar e nem médica”, garantiu Castro.

Suspensão

Na última sexta-feira, a Secretaria Estadual de Administração (Secad) propôs ao Sindicato de Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Tocantins (Sindessto) autorizar o pagamento de R$ 7 milhões aos prestadores de serviços para evitar a paralisação dos atendimentos pelo Plansaúde, porém a proposta foi rejeitada.

Sindessto

A presidente do Sindessto, Maria Lúcia Machado de Castro, informou que o governo não depositou nenhum valor até o momento. “É lamentável a situação ter chegado a esse ponto, toda parceria tem que ter uma contrapartida e os prestadores não têm condições de atender. Se não tem dinheiro agora, como vão fazer para pagar depois?”, indagou.

Ainda segundo a presidente, foram solicitadas duas reuniões com a gestão estadual há dois meses, uma para apresentar o cronograma físico e financeiro de pagamento e outra para tratar do reajuste da tabela de prestação do serviço, porém, até o momento, o sindicato não obteve respostas.

Os pagamentos deixaram de ser feitos desde agosto de 2015 e a dívida já chega a R$ 45 milhões.

Atendimentos

Usuários prejudicados: cerca de 88 mil, sendo servidores públicos e dependentes

Valor da dívida: R$ 45 milhões, de acordo com o Sindessto

Hospitais particulares: somente urgência e emergência

Ginecologista e obstetrícia: suspensos desde 23 de janeiro (apenas urgência e emergência)

Clínicas de ortopedia, urologia e oftalmologia: suspensos desde 29 de janeiro (apenas urgência e emergência).