A USP (Universidade de São Paulo) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) investigam 20 suspeitas de reinfecção por coronavírus no Brasil. São 16 possíveis casos investigados em São Paulo e 4 no Rio de Janeiro.

O primeiro caso começou a ser investigado pela USP em agosto. Trata-se de uma técnica em enfermagem de 24 anos que voltou a ter sintomas da doença pouco mais de um mês após testar positivo para covid-19. Ela segue em observação.

Em julho, quando o Hospital das Clínicas já investigava dois possíveis casos de reinfecção, a infectologista Anna Sara Levin, professora titular e presidente da Comissão de Infecção Hospitalar da instituição, citou diferentes hipóteses a serem consideradas.

Uma delas é a de que os pacientes não desenvolveram imunidade para o novo coronavírus e voltaram a se infectar. Outra possibilidade é a de que o novo coronavírus funcione, em alguns casos, como o vírus da herpes, que permanece no corpo da pessoa e é reativado quando a imunidade cai. A pesquisadora, entretanto, subestima essa explicação.

Nessa segunda-feira (24), cientistas em Hong Kong anunciaram a confirmação do primeiro caso no mundo de reinfecção pelo novo coronavírus –causador da Covid-19. Trata-se de um homem de 33 anos, que teve sintomas leves na primeira infecção e nenhum na segunda.

O resultado da pesquisa será publicado na revista médica Clinical Infectious Diseases, da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo os pesquisadores, após um teste do código genético do vírus, foi possível identificar ainda que o o vírus da primeira infecção pertencia a uma linhagem diferente da segunda.

O QUE DIZ A OMS
A líder técnica da OMS (Organização Mundial de Saúde), Maria van Kerkhove, disse que “é possível” que este seja o primeiro caso confirmado de reinfecção no mundo.

“O que entendemos é que pode ser um caso de reinfecção. É possível”, afirmou a líder técnica.

“Acho que é importante colocar isso em contexto. Houve mais de 24 milhões de casos relatados até agora, e precisamos olhar para isso a nível de população. É muito importante que documentemos isso, e, em países que podem fazer isso, que o sequenciamento seja feito. Isso ajudaria muito. Mas não podemos pular para nenhuma conclusão, mesmo que esse seja o primeiro caso documentado de reinfecção”, disse.

Van Kerkhove lembrou ainda, que, segundo o que se sabe até agora, todos que tiveram Covid-19 desenvolvem algum nível de imunidade contra o coronavírus –questão é saber o quão protetora ela é e por quanto tempo dura.