O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançam, neste sábado (13), uma cartilha digital com orientações sobre a continuidade da vacinação mesmo durante a pandemia de Covid-19. O documento, intitulado "Pandemia da COVID-19: o que muda na rotina das imunizações", faz parte da campanha “Vacinação em dia, mesmo na pandemia”.

A publicação será apresentada a profissionais da saúde e gestores da área por meio de um webinar gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo site: imunizacaopratica.com.br. O download estará disponível em sbim.org.br em www.sbp.com.br e em www.unicef.org.br.

Vice-presidente da SBIm e coordenadora científica da cartilha, Isabella Ballalai afirma que o documento pontua sobre o planejamento da vacinação, organização das salas de vacinas, bem como busca de locais alternativos, caso não seja possível adotar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) todas as medidas de distanciamento social exigidas. “A cartilha também especifica cuidados necessários para os envolvidos — da portaria à sala de vacinação, passando pela equipe de segurança e limpeza — e normas de vestuário, higienização, entre outras”, completa.  

Chefe da Área de Saúde e HIV/AIDS do UNICEF no Brasil, Cristina Albuquerque pondera que o medo de comparecer às salas de vacinação é compreensível devido ao contexto atual, mas destaca que as doenças possíveis de prevenção por meio de vacina também são extremamente perigosas e capazes de levar à morte ou deixar sequelas. “A meningite bacteriana, por exemplo, pode levar à morte em poucas horas. Não podemos nos descuidar”, alerta.

Presidente do Departamento de Imunizações da SBP e membro da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais da SBIm, Renato Kfouri, destaca que o país já enfrentava uma queda significativa nas coberturas vacinais. Como consequência mais imediata, cita a perda, em 2019, do certificado de eliminação do sarampo, conquistado pouco menos de três anos antes.

“A volta do sarampo foi um retrocesso inaceitável, extremamente frustrante para todos que atuaram ao longo de décadas para alcançar a conquista. Agora, temos um longo caminho a percorrer. Esperamos que a publicação venha contribuir para que o mesmo não aconteça com outras enfermidades, como a poliomielite, por exemplo”, finaliza.

Sarampo e febre amarela

Em todo o mundo, mais de 117 milhões de crianças de 37 países podem deixar de receber a vacina que previne o sarampo. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Unicef e outras instituições. Campanhas de vacinação contra a doença já foram adiadas em ao menos 24 países. De acordo com a OMS, o sarampo infectou em 2018 quase 10 milhões de pessoas e matou mais de 140 mil, a maioria crianças menores de 5 anos.

No Brasil, 19 estados registram circulação ativa do sarampo, destacando-se o Pará, com 40,9% dos casos confirmados. Em números absolutos, os principais afetados têm de 20 a 29 anos. No entanto, a incidência entre menores de 5 anos é mais elevada (13,1 para cada 100.000 habitantes).

A febre amarela também preocupa e há casos registrados em mais de 50 municípios dos estados do Paraná (principal foco), São Paulo, Santa Catarina e Pará.