Viver sem grandes preocupações, brincar e se dedicar aos estudos deveriam ser a rotina de quaisquer adolescentes. Mas para muitos, essa realidade é bem diferente, e as responsabilidades inerentes a um adulto chegam mais cedo, obrigando-os muitas vezes a renunciar, ou pelo menos adiar, seus sonhos pessoais.

Exemplo disso é a história de H.S.V, de apenas 13 anos, mas que já carrega uma grande responsabilidade, a de ser mãe. Com seis meses de gestação, ela lembra que quando descobriu a gravidez teve um choque. Atualmente, mora na casa da sogra com o pai do bebê, que tem 17 anos. “Eu não queria acreditar que era verdade,” diz.

Agora, ela se divide entre as atividades escolares e as tarefas de ser mãe. “Já aprendi muito sobre a gravidez. Como o neném está crescendo na minha barriga, o que eu tenho que fazer para ele nascer sadio. Também aprendi fazer crochê, brinquedos de tecido, bordar e agora estou confeccionando o enxoval do meu bebê”, conta a jovem mãe que segue planejando ainda a aprender como cuidar bem do filho.

A história se repete com L.C.R.S. A também adolescente, de 16 anos, está com sete meses de uma gravidez que não foi planejada. Ela conta que, após descobrir a gestação, casou-se com o pai do bebê, de 24 anos, e agora está morando na casa do sogro. “Tenho procurado distrair minha cabeça, pra não ficar só pensando nas coisas que estão faltando. Eu mesma confeccionei o enxoval do bebê, aprendi fazer ursinhos de tecido e posso ganhar dinheiro com isso. Quando o neném nascer já vou saber muita coisa”, diz sobre o que tem aprendido.

Apoio

Quem já passou pelo que estas e tantas outras meninas estão passando é a Valdenes Santos Marques, de 21 anos, mãe do pequeno Iago, de um ano e meio. Ela lembra que quando ficou grávida as coisas também não foram fáceis, mas que, com apoio emocional, ajuda para confeccionar o enxoval do bebê e conforto que recebeu das pessoas, superou as dificuldades. “Quando a gente está grávida, tudo fica bem mais difícil. Aprendi a conviver melhor com o próximo e isso faz muita diferença na vida da gente”, destaca.

Além do amadurecimento precoce e das dificuldades enfrentadas pelas jovens, elas têm em comum o acolhimento, apoio e ensinamentos que receberam de uma instituição sem fins lucrativos, a Casa de Marta, em Palmas. E lá, o destino dessas e de tantas gestantes tem se cruzado ao longo dos últimos 13 anos.

A coordenadora da Casa, irmã Ilma Canal, explica que lá as jovens recebem meios para seu crescimento pessoal. “Ajuda de formação, informação e toda a orientação com relação ao estado de vida delas, o de ser mãe. Aqui elas recebem valores para a vida”.