O professor Rubenilson Pereira de Araujo, 43 anos, conta que durante toda a sua vida, tem enfrentado sérios embates de discriminação, violência e invisibilidade em virtude de sua identidade de gênero e orientação sexual. “Na escola, fui vítima em potencial do bullying homofóbico por não me enquadrar nas performances de gênero viris dos coleguinhas de minha idade, na época, era rotulado com apelidos pejorativos, como "macho e fêmea", "mulherzinha", etc”, lembra.

E na sua vida profissional, segundo nosso entrevistado, a história não foi diferente. Como professor da rede municipal, estadual, privada e federal ele relata que já sofreu sanções nas palavras, ações e até mesmo em garantia de direitos por não se encontrar no padrão esperado da sociedade.

Hoje ele é professor efetivo da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e, segundo ele, para ocupar o cargo foi necessário dois concursos públicos de ampla concorrência porque até então lhe negaram o direito de remoção. Fato que ele acredita estar associado à sua orientação sexual e religião.  “Não era interesse da gestão da Universidade, remover um gay transgênero, não branco, pobre e ainda que não professava uma fé cristã! Eu não era 'amiga do rei(toria)'!”, desabafa.

Católica, a professora Lidiane Aparecida Lima Mota, relata que também já sofreu preconceito, devido à sua religião, quando foi tentar uma determinada vaga em uma escola de ensino infantil.

“Na entrevista de emprego, a responsável me questionou sobre minha religião. No início hesitei em falar, pois lembrei que outras pessoas já haviam me falado que em determinada escola só aceitariam pessoas evangélicas, mas logo percebi que não havia motivos para negar minha crença, então prontamente disse a ela que eu era Católica! A mesma, logo justificou o motivo da pergunta dizendo que perguntava sobre o assunto a fim de identificar quem era da religião adventista pelo fato de ela precisar que sua recepcionista trabalhasse aos sábados”.

Conforme a professora, apesar da escola ter mostrado apreciação pelo seu currículo, ela não foi contratada para a vaga. “Acredito que o fato de não seguir foi devido à minha religião, com certeza isso pesou na decisão de não me contratar”.

Questionada se ela se sentiu diminuída em relação à entrevista, Lidiane afirma que sem dúvidas, em sua opinião, foi uma situação de intolerância religiosa. “Infelizmente, o preconceito assola nossa sociedade e precisa ser combatido. Grandes profissionais estão deixando de contribuir profissionalmente para o crescimento do nosso país devido sua orientação sexual, religião ou cor de pele, muito triste isso. Apesar de muito já ter mudado não devemos deixar que esse tipo de atitude negativa prevaleça”, finaliza.

O professor Willian Nogueira, 34 anos, diz que já perdeu várias vagas de emprego pelo fato de ser Adventista. De acordo com ele, sempre nos trabalhos teriam que cumprir o horário no sábado e como pessoas desta religião não trabalham neste dia da semana, a questão foi um entrave em sua carreira profissional. “Não senti que era preconceito. Mas sentia que eles não respeitavam a minha crença. Confesso que quando vou procurar uma vaga, já fico com um pouco de receio. Então a solução é se qualificar melhor para se sobressair nas entrevistas de emprego”, aposta.