Com o registro profissional de 98 novos médicos formados no Tocantins até maio, o Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) aponta o total de 3.159 médicos ativos no Estado. Para que pudessem atuar, o conselho afirma ter realizado mutirão para registrá-los e coloca-los no mercado à disposição dos governos durante a pandemia de Covid-19.
 
No país, de janeiro a maio de 2020, são 9.653 novos médicos que se registraram nos CRMs. Segundo o órgão, o número confere ao Brasil 2,5 médicos por 1.000 habitantes, uma razão superior a países como Coreia (2,3), Polônia (2,4), Japão (2,4) e México (2,4), mas ligeiramente abaixo dos Estados Unidos (2,6), Canadá (2,8) e Reino Unido (2,9).
 
O número do Tocantins representa 2,01 médicos a cada mil habitantes. O dado coloca o estado tocantinense em 14º no país nesse índice. O primeiro é o Distrito Federal com 5,11 médicos por mil habitantes e o último, o Pará, com 1,07.
 
De acordo com o CRM-TO os dados são de um Levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina), em parceria com a USP (Universidade de São Paulo). O órgão regional também destaca os 2.756 médicos com idade inferior a 60 anos e avalia que o dado mostra o Estado com “uma população de médicos jovens quando comparado com outras unidades federativas”. 
 
O conselheiro federal de Medicina Estevam Rivello Alves, avalia que os números no Tocantins são confortáveis para atuação em saúde primária, como Programa Saúde da Família, Samu e unidades de pronto atendimento. “Os números mostram que há equipes formadas e dão tranquilidade para o povo tocantinense”, afirma.
 
Segundo ele, para atuar em hospitais voltados para o enfrentamento de Covid-19 é exigido um profissional com mais experiência. “O enfrentamento da Covid-19 no hospital terciário aí necessita de um profissional de um pouco mais de experiência, expertise e tato para lidar com doente graves. Não são todos os médicos que tem essa experiência”, explica.
 
“Necessita de médico que saiba mexer com respiração mecânica, administrar antibiótico observar diversas disfunções orgânicas, então não é qualquer profissional que tem essa capacidade de ir pra linha de frente da Covid dentro de um hospital terciário, para enfermaria e UTI.”
 
Presidente do Sindicato dos Médicos, Janice Painkow afirma que os números do Tocantins mostram que não há necessidade da abertura de mais escolas de medicina no Estado e que a hora é de atuar para ampliar as vagas de residência para especialização dos profissionais.
 
“Não precisamos mais vagas de graduação em faculdade e, sim, de mais vagas de especialidades, porque está comprovada não é a vaga na faculdade que traz o profissional para o estado, mas a oportunidade de especializar”, defende, ao afirmar que há dados mostrando que a maioria dos profissionais se fixa onde há vagas para especialização. 
 
De acordo com a médica, a pandemia de coronavírus serviu para mostra que o sistema de saúde pública do Brasil necessita de especialistas. "Essa pandemia mostrou que o SUS precisa investir na educação médica, nas especialidades, não é na abertura de escolas, nem do recrutamento de médicos estrangeiros, mas de formar profissionais em especialidades que possam melhor atender o paciente do sistema"