O jardineiro autônomo Reinaldo Bispo Pereira Silva, de 48 anos, passou um susto após ter parte da casa e do equipamento de trabalho queimados no final de julho. “Eu estava no trabalho e minha esposa me ligou desesperada”, conta o jardineiro sobre o dia do incêndio. Na data, a esposa de Silva estava lavando roupa em companhia de sua irmã, quando sentiu um cheiro de fumaça vindo de dentro de casa. 

Silva conta que a esposa correu para dentro da residência e viu o fogo começando em um dos quartos. Na euforia da situação, ela tentou apagar as chamas e acabou queimando a mão. “Ela voltou para a lavanderia para pegar água, mas quando voltou o fogo já estava muito alastrado, tinha avançado muito”, conta o jardineiro. 

Com o aumento das chamas, os vizinhos auxiliaram no combate ao fogo, e quando o Corpo de Bombeiros chegou à residência o fogo já tinha sido controlado. A equipe de bombeiros militares, então, realizou a avaliação do local e rescaldo para evitar que as chamas retornassem. “A gente suspeita que nosso filho tenha pegado um isqueiro para brincar, e como minha esposa estava lavando roupa na área, não percebeu”, conta.

Em seu relato, o jardineiro estima um prejuízo de cerca de R$ 20 mil já que o fogo destruiu completamente uma cama, um guarda-roupa e também uma máquina de cortar grama que estava no quarto. Também conta no valor estimado por Silva os estragos causados pelo fogo em um banheiro e no telhado do cômodo, onde o fogo começou.  

“Graças a Deus que foram só bens materiais. Mas meu maquinário era o que utilizava para trabalhar. Sem ele está difícil já que era meu ganha pão”, explicou Silva, que sustenta com os trabalhos de jardinagem a esposa e os três filhos, de 18, 12 e 4 anos.

Sobre o ferimento da esposa, o jardineiro disse que a queimadura na mão já está quase sarada. “Fomos ao pronto atendimento e passaram o medicamento. Já está bem melhor”, relata. 

 

Estatísticas e cuidados  

Silva faz parte de um triste índice que só nas duas últimas semanas teve ao menos três casos divulgados pela imprensa: o incêndio residencial unifamiliar e multifamiliar. Somente de janeiro até esta quinta-feira, 12, o Corpo de Bombeiro atuou em 85 atendimentos desta natureza no Tocantins. Entretanto, esse número pode ser maior, já que conforme a tenente-coronel Andreya de Fátima Bueno, a corporação nem sempre consegue alcançar os 139 municípios por possuir unidades em apenas oito cidades. 

Junto com os números de incêndios em residências, também com muitos registros atendidos estão os incêndios em meios de transporte, que englobam carros, caminhões, motos e embarcações. Neste ano, o Tocantins já registrou 93 ocorrências dessa natureza. Ao comparar com o ano passado, os números já são bem expressivos, já que em todo ano de 2020 foram 116 atendimentos a incêndios em residências e 146 em veículos. 

“Pelo número maior de atendimentos, que infelizmente eles não refletem no número de ocorrências, já que estamos em  um número limitado de municípios, podemos dizer que tivemos um aumento nos registros”, relata Andreya. Questionada sobre as orientações, a tenente-coronel disse que a primeira coisa é se afastar do fogo e imediatamente acionar os bombeiros, seja para atendimento no local, ou até mesmo, em casos específicos, orientações por telefone. 

Entretanto, a maior dica de Andreya é sempre estar atento aos cuidados preventivos e manutenção de itens que possam vir a gerar uns incêndios. A  tenente-coronel lembra que o Corpo de Bombeiros tem uma Norma de Segurança Contra Incêndio e Pânico, que engloba as edificações multifamiliares, ou seja condomínios e prédios com mais de uma família, ou as empresas – que preveem a presença de extintores e até mesmo hidrantes, além da saídas de emergência bem identificadas . 

“Infelizmente fica fora dessa norma as edificações unifamiliares. Nessas residências, as pessoas muitas vezes acabam negligenciando e como a maioria dos incêndios é provocada pelo homem, intencionais ou não, o cuidado é sempre com as questões de segurança”, orienta, e cita em especial os cuidados com velas, instalações elétricas, instalação de gás. Segundo Andreya, para as instalações elétricas o cuidado não é só com a parte interna, mas com a externa como fios desencapados ou tomadas que ficam sobrecarregadas. Já para o gás, o ideal é a instalação fora da residência, mas quando o equipamento está  dentro de casa, deve sempre ficar em um local arejado, além disso, a mangueira do gás deve ser alvo de cuidados sempre. 

Outra orientação de Andreya é justamente com crianças, idosos ou pessoas com deficiência intelectual que devem ficar longe de equipamentos perigosos. “Com criança todo o cuidado é pouco. Esses equipamentos perigosos só devem ser manuseados ou por adultos ou sob supervisão. Também sempre manter guardado em um local de difícil acesso”.  

Com relação aos incêndios veiculares, a tenente-coronel Andreya, lembra que a legislação mudou e não existe a obrigatoriedade do extintor nos veículos, então, o maior cuidado é sempre manter o automóvel com a manutenção em dia. “Normalmente os incêndios são gerados no veículo e estão ligados a questões de manutenção”, conta.