Atualizada às 12:20

O Tocantins está em primeiro lugar no ranking de aumento de casos da dengue em relação ao restante do País. Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que o número de registros prováveis de dengue no Estado cresceu 1.369% em comparação com o mês de janeiro de 2018. Até o dia 2 deste mês, o Tocantins notificou 3.085 casos da doença.  No mesmo período de 2018, foram registrados 210 casos de dengue. As informações foram repassadas em coletiva online do órgão nesta terça-feira, 26.

Segundo o Governo Federal, até o momento foi confirmada a morte de uma pessoa devido à doença no Tocantins, em todo País cinco pessoas morreram vítimas de dengue. Para Ministério da Saúde a situação é preocupante. “O Tocantins é o estado que chama mais atenção do Governo Federal. É um dos estados mais preocupantes em relação. Então esses dados são consideráveis e ainda pode ter mais aumento”, afirma o Coordenador do Departamento de Dengue do Ministério da Saúde, Rodrigo Said.

O Tocantins terá uma atenção especial em relação aos outros lugares do Brasil. Segundo Said ainda nesta semana, uma equipe técnica do Ministério da Saúde estará no Estado para discutir junto com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) e a Administração Municipal de Palmas ações para monitoramento e controle da situação na região.

“Para o Tocantins temos uma alerta muito preocupante devido à circulação de dengue, zika e chikungunya, ao mesmo tempo permanecemos com as ações do ministério como: fornecimento de insumos, acompanhamento epidemiológico e principalmente gerar a alerta para mobilização de toda população sobre a importância das ações integradas”, frisa.

Said ainda destaca que o Tocantins não é o Estado que apresenta o maior número de casos, tendo em vista que tem uma população menor em relação a São Paulo. Porém, ele teve a maior variação em todo Brasil. “Quando faço uma avaliação por base populacional, a incidência no Tocantins é de 198 casos a cada 100 mil habitantes”.

“Além de todas as ações que devem ser desenvolvidas pelo poder público, precisamos dar atenção com os ralos abertos, calhas, então são várias situações do nosso dia a dia que precisam ter atenção. Discutir as estratégias da nossa população”.

Circulação

No ano passado em todo Brasil foram registrados 21.992 caos, já em 2019, o órgão contabilizou 54.777 mil casos, um aumento de 149% quando comparado o mesmo período. “Devemos ter ações simples, que a gente precisa organizar semanalmente para checar a oferta desses criadouros. Por que a gente fala semanalmente? Por que nesse período do ano com chuvas e altas temperaturas, podemos avaliar que o ciclo do mosquito (do óvulo até a fase adulta) pode ser completo em um período de cinco a dez dias. Então por isso a ação semanalmente”, aconselha.

Said ainda menciona que existe um perfil de circulação dos três vírus (dengue, zika e chikungunya) causado pelo mosquito aedes aegypti em território nacional.  Em relação à dengue, o coordenador explica que houve um aumento considerável em algumas regiões do País. “Temos registro de cinco óbitos de dengue. É um número inferior ao ano passado, mas o que chamou muito nossa foi a circulação do vírus Dengue II. Essa situação impõe alguns desafios e alertas para nossa equipe de saúde”.

O vírus II não circulava no País desde 2008 e até 2018, conforme o coordenador, a circulação considerável era do vírus I e IV. “As pessoas apresentaram a doença, com sintomas clínicos, mas ao mesmo tempo, elas desenvolveram a célula de defesa. O vírus II estava circulando muito timidamente, mas a partir do ano passado, ele começou a circular intensamente e hoje ele está predominando o cenário nacional em relação ao I e IV”, explica.

O representante do Governo Federal ainda observa que a população ficou muito tempo distante desse tipo de vírus e por isso, não tem células de proteção, por isso a grande preocupação do ministério. “Agora ele pode ocasionar a manifestação da doença e essa é nossa grande alerta. Quimicamente, o quadro sintomático é o mesmo dos outros vírus, mas o vírus II com evolução da doença pode apresentar mais sintomas graves como: dores de cabeça, na barriga e tontura. Se esses sintomas aparecerem, a pessoa deve procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima de sua residência”, indica.

Carnaval

O responsável do Ministério da Saúde também chama à atenção para este período de carnaval, que começa nesta sexta-feira, 1°. “De janeiro até por volta do mês de maio é o período mais adequado para proliferação do mosquito. Isso porque temos um volume de chuva intenso, calor, que é bem maior que anos anteriores. O carnaval é um período que merece destaque, devido ao fato das pessoas viajarem, e desta forma, possivelmente se deslocarem para áreas que possam ter a circulação do mosquito”, alerta.

Cronograma

O ministério elaborou um calendário para realizar quatro levantamentos das doenças causadas pelo aedes aegypti em todo país durante este ano. Desta forma, os municípios terão até o dia 25 de março para fornecer os dados da primeira fase do cronograma.