Após três anos atuando principalmente nas cidades do interior do Brasil, chegou a hora de repor os profissionais do programa Mais Médicos do Ministério da Saúde, que ainda é polêmico por contratar médicos cubanos para trabalhar no País. Desde o último dia 15, 1.380 médicos estão sendo repostos pelo programa, e os profissionais cubanos irão atuar em 1.040 cidades.

O Tocantins receberá a reposição de 23 médicos, todos cubanos, que serão distribuídos em 20 cidades. Darcinópolis é um dos municípios que faz parte dessa reposição. A médica que atuava desde 2013, início do programa, já deixou a cidade e retornou à Cuba, conforme informou o prefeito do município, Raimundo Nonato Belas dos Santos.

O prefeito também avaliou positivamente a atuação da profissional, mas que a população, a princípio, estranhou. “Na verdade nunca deixa de ter uma rejeição. Mas não porque os médicos não são capacitados, mas sim porque o pessoal da zona rural tinha um pouco de dificuldade de entender. Mas pela capacidade dos médicos, só ajuda.”

Santos também explica que havia muita dificuldade financeira na contratação de médicos para o Pronto-Socorro da cidade que funciona 24 horas. “Por isso, aderimos ao programa e entendo que foi benéfico.”

O prefeito de São Félix do Tocantins, Marlem Ribeiro Rodrigues, também considera a atuação dos profissionais estrangeiros positiva. “Eles vêm para fazer a medicina preventiva e, por termos uma população carente, o médico cubano vem de encontro às nossas necessidades. O balanço é muito positivo”, diz.

De acordo com o Ministério da Saúde, o profissional cubano que constituiu família no Brasil pode pedir autorização para continuar por mais três anos no País, mas não poderá mais atuar no programa Mais Médicos. Os que não tiverem família e ainda assim quiserem continuar no Brasil precisarão entrar em contato com os órgãos federais para conseguir as autorizações e documentos necessários, até para atuação na medicina.

O Sindicato dos Médicos no Estado do Tocantins (Simed) informou, em nota, que “defende que o País possui profissionais médicos capacitados para o exercício da medicina, seguindo os preceitos éticos e técnicos dos órgãos reguladores, o que torna desnecessária a importação de profissionais de outros países, a custos mais elevados e submetidos ao trabalho à margem da subordinação dos Conselhos Regionais de Medicina, como é o caso do programa Mais Médicos”.

Já o Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM) explicou, também por meio de nota, que o Conselho Federal de Medicina (CFM) e os Conselhos Regionais condenam a decisão, considerada arbitrária, do Ministério da Saúde, pois “promove a vinda de médicos cubanos sem a devida revalidação de seus diplomas e sem comprovar domínio do idioma português, desrespeita a legislação, os direitos humanos, as leis trabalhistas vigentes e colocam em risco a saúde dos brasileiros, especialmente os moradores das áreas mais pobres e distantes”, e ressalta que os cubanos que atuam programa não possuem registro nos Conselhos de Medicina, somente registro no Ministério da Saúde, e que o Conselho não é contra médicos estrangeiros, apenas considera inaceitável o exercício ilegal da profissão.