Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
A gramínea que é floresta produtiva e alternativa

Os bambus são uma subfamília das gramíneas, com mais de 1.300 espécies no mundo, sendo 200 brasileiras. Eles devem estar presentes na paisagem dos jardins e da nossa economia, já que são úteis em inúmeras situações e escalas, urbanas e rurais, usados há milhares de anos pelos povos asiáticos e sul-americanos. A tradição e a vocação existem, falta-nos sabedoria e senso de oportunidade para usarmos o conhecimento existente acerca deles e suas vantagens estratégicas em áreas como energia, indústria, construção civil, saneamento e alimentos, assim como os países asiáticos e, aqui na América do Sul, Equador e Colômbia já o fazem.

Saneamento

A Unicamp desenvolveu, nos idos de 2004, um reator anaeróbico com feixes de bambu, para tratamento de esgoto, extremamente eficaz e simples de ser construído. A tecnologia foi adotada, em maior escala, em duas cidades inteiras, Populina (SP) e Jaguarão (RS). Só falta replicar a ideia país afora, como alternativa aos tratamentos convencionais, nas situações adequadas.

Alimento

As folhas e o broto de bambu não devem ser vistos como um requinte gastronômico, coisa de japonês, mas como alimentos nutracêuticos, que combatem radicais livres, envelhecimento, fadiga, bactérias e vírus.

Qual bambu?

É preciso escolher as espécies adequadas à situação e aos fins, pois elas têm vocações, vantagens e necessidades ambientais distintas. Por exemplo, muitos bambus têm origem em clima temperado e não se adaptam às nossas condições de clima tropical.

Acorda Brasil

Não é teoria nem utopia, mas realidade em andamento. Temos a maior plantação comercial do mundo (no nordeste) e as melhores condições edafoclimáticas para a produção. Estados, como São Paulo, Alagoas e Acre; instituições, como Embrapa, IAC e Sebrae; entre outros, bem como diversas universidades, já dominam a equação tecnologia e produção; temos até convênio com os chineses. Resta levar isto para a escala nacional.

Porteira adentro

Bambus são rústicos, crescem bem em áreas degradadas ou de solos pobres e têm ótima resposta produtiva à adubação. São resistentes ao fogo e às pragas, incluso formigas; produzem a partir dos três anos, contra sete do eucalipto, com produtividade parecida; não precisam de replantio por 100 anos. Servem como sombra para o gado, cerca e cama de frango; alimentam porcos, galinhas, bois e cavalos; e sequestram carbono.

Boa commoditie

O bambu é excelente biomassa para a produção de: energia industrial, com rápida perda de umidade; e de papel e celulose, com alto potencial para substituir importações de pinus e até ser estrela no mercado de fibras, como o eucalipto.

Agregam valor

Bambus são usados na produção de barcos, bicicletas, instrumentos musicais, pisos, móveis, artesanato, persianas e biombos. Suas propriedades físicas e mecânicas (algumas se igualam às do concreto e aço) os habilitam na construção civil, inclusive aliados a outras tecnologias e materiais. Ou seja, são também produtos de valor agregado, os que mais fortalecem a economia.

Plante bambu. E seja bambu.

Baixe o pdf do livro “Bambu no Brasil: da Biologia à Embrapa” no Portal Embrapa.

Navegue nos sites da Aprobambu, BambuSC e SNA; do Instituto do Bambu e Sebrae.

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