Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
As lições que podemos aprender com a crise

A crise dos caminhoneiros, ainda fumegante na vida da nação, traz para nós várias ricas lições. Algumas delas: todo sofrimento torna-se muito barato, se aprendemos com ele; toda solução sustentável é multimodal; se você acha que não pode piorar, lembre-se da Venezuela. Esta crise é a explicitação e o resultado do nosso atraso político, gerencial, estratégico e social, com a benção dos nossos governantes ideológicos, desonestos e/ou incompetentes, do seu marketing maléfico e de anos de política dissociada da técnica e do bem comum. É preciso olhar para ele, aprender e tomar uma decisão coletiva: que país queremos ser e que caminho tomar? A resposta vale nosso futuro.

Produção local

Economia de escala e especialização são muito importantes, mas temos de pensar o contraponto: não há sentido em produzir tantos produtos e bens de forma tão concentrada em um país continental como o nosso. Haja pneus, carbono, custos e dependência. Assim, distribuir riqueza e empregos país afora, via gestão estratégica, é inteligente sob diversas óticas, entre outras: de segurança alimentar, logística, nacional.

Interconexão

Crises são entrelaçadas umas às outras, pois envolvem sistemas complexos com partes integradas. Inteligência logística, infraestrutura, produção, abastecimento, economia, saúde, educação, comunicação social, entre outras áreas de gestão e conhecimento: nada existe e se desenvolve em separado.

Planos

É impressionante como as áreas técnicas dos governos e dos setores tem bons planos e políticas para (quase) tudo, em especial na esfera federal. E como eles não são seguidos pelos “gestores” políticos.

Aonde mesmo?

Os direitos de cada um começam no equilíbrio entre eles e os deveres; e terminam aonde começam os direitos dos outros. Ainda mais em espaços públicos. A crise logística tem forte componente psicossocial e moral. E é resolvida com autoridade, respeito e empatia, não com violência. Esta só agrava a situação.

Transporte

Temos um desequilíbrio logístico no modal transporte de cargas e passageiros pela doença do excesso de rodoviarismo e a atrofia de outros modais: aéreo, ferrovia, hidrovia, cabotagem e dutos. E a neurose dos carros a entupir as cidades e ditar nossas vidas.

Energia

O Brasil insiste no atraso sujo e poluidor do petróleo, mas tem recursos e competência tecnológica para criar uma carteira energética variada. Sobram possibilidades: dos caminhões a álcool da Scania ao ônibus híbrido de hidrogênio e biodiesel da COPPE- RJ, passando pelo rico universo da biomassa; do modal pedestre e ciclístico ao carro, ônibus, caminhão e trem elétricos.

Cidades

Cidades multimodais, em seus princípios e soluções, são muito mais preparadas para absorver os impactos das inúmeras crises que certamente ainda virão. Assim, temas como: cinturão verde, agricultura urbana, autosuficiência e diversificação da economia e da energia; transporte público, a pé, de bike e virtual – entre outros, não são alternativos, mas estratégicos.

Estude os dois planos nacionais de logística e transporte em transportes.gov.br e cnt.org.br e também o de logística integrada em agricultura.gov.br.

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