Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
Economia multimodal, muito além da clássica

Os problemas do Brasil e do mundo não serão resolvidos pela economia clássica – quer como modal de negócios ou como ciência. Pois ela não leva em conta as complexidades das diversas variáveis biológicas e humanas; as relações entre todos os processos; e todas as suas riquezas. É preciso superar as verdades falidas desta economia quadrada, baseada apenas na produção de bens e serviços, capital e trabalho, em bases que trazem destruição e sofrimento. O bem estar humano; o equilíbrio da teia da vida no planeta (e seus limites); valores e leis universais – todo este patrimônio vale mais do que acúmulo de moeda, virtual e ilusório. VGV deve significar não mais valor geral de venda, mas sim, valor global da vida.

Multimodal

Economia para ser sustentável, tem de ser, além de limpa, multimodal, basear-se em vários eixos de negócios. Como ciência, deve ser transversal, ser influenciada por outras áreas: psicologia, biologia, urbanismo, sociologia, filosofia, entre tantas.

Substituição

A matriz econômica deve se descolar das economias: negra do petróleo e do carbono, cinza da infraestrutura, marrom do esgoto, vermelha de sangue; todas nos levando ao abismo. Precisamos de outras economias: azul de tecnologias limpas, verde do cuidar da natureza (e do usar bem as suas forças), colorida nas possibilidades de novos negócios, cristalina pela educação, por sua ética humana, biológica, universal.

Megacapital

As economias mais estáveis e desenvolvidas já não se sustentam apenas na força do capital financeiro, de produção e do trabalho. Elas estão fazendo uso do fantástico capital natural, da educação e do conhecimento. E estamos só no início desta era de sinergia de forças. O Brasil da megadiversidade biológica e cultural precisa despertar, também para isto.

Não só leia, mas estude e pratique “Muito além da economia verde”, de Ricardo Abramovay, e “A Ecologia da Liberdade”, de Murray Bookchin.

Responsável

Responsabilidade significa habilidade para dar respostas. Assim, uma economia responsável leva em conta os limites do planeta, as necessidades das pessoas, as muitas virtudes e vantagens do jogo sinérgico “ganha-ganha” sobre o “ganha-perde”, ilusório.

Economias

Macro e microeconomia (clássicas) são importantes, mas não resolvem sozinhas. O desenvolvimento exige fortes doses de economia ambiental, ecológica; social, solidária, colaborativa, do conhecimento, etc. Dos códigos de informação – expressos em bites, mas dos códigos da vida, expressos em moléculas, genes e teias.

Linguagem certa

Não interessa a sua área de atuação; causa – social ou ambiental; ou motivação – filosófica, espiritual, ética: a linguagem e os argumentos a serem usados devem ser econômicos. Pois a lógica do mundo ainda é dominada pela economia e pelo deus dinheiro. Temos de traduzir qualquer situação em conceitos como: ativos e passivos, externalidades, custo de oportunidade; taxas de retorno e endividamento, liquidez, alavancagem, entre tantos.

Significado

A língua ajuda muito. Vejamos o significado de economia: “poupança, bens economizados; ausência de desperdícios e excessos; ciência que estuda os fenômenos de obtenção e uso dos recursos materiais necessários ao bem estar”. E a etimologia da palavra? Vem do grego e significa “organização da casa”.

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