Ramis Tetu

Responsabilidade de profissionais e consumidores

Comunicação é uma arma poderosa – pessoal, técnica e política, para o bem ou para o mal, e assim deve ser usada com estratégia e responsabilidade tanto pelos profissionais que a produzem, quanto por quem a consome. Ferramenta de informação, conhecimento, influência e de formação, exige de nós habilidades e virtudes de assimilar, processar, criar e transmitir tudo isto e de gerar ação com bons propósitos, quer seja na imprensa ou nos mundos pessoal, oficial, técnico, empresarial, escolar e acadêmico. Para ser sustentável, ela precisa ainda ser libertada das lógicas ideológicas e comerciais, dos populismos e oficialismos; ser turbinada pela lógica do desenvolvimento e do bem comum; e promover o equilíbrio entre os universos político, popular e técnico. 

Produção consciente

Os profissionais de imprensa devem cultivar a essência do bom jornalismo: a verdade multifacetada dos fatos e versões; a boa apuração e o rigor técnico; a criatividade e o equilíbrio nos títulos, textos e fotos; o zelo com o português; a ética, o desapego das paixões. É esta essência que traz profundidade e credibilidade ao jornalismo e o distingue do achismo superficial das redes sociais.      

Amplitude

Redações devem ter pautas amplas, positivas e negativas, vindas de várias fontes: vida cotidiana das pessoas, profissões e ciências, grupos sociais, mercado, universidade – não só da política. Mesmo com a nobre missão de lançar luz nas ações dos nossos governantes.

Assessorias

A responsabilidade sobre a qualidade e o propósito da informação não é só da imprensa, mas das assessorias de governos e instituições. Muito pode ser feito para além do release vazio.

Integrada

Notícia, informação e conhecimento são gerados e processados não só na imprensa, mas nos governos, universidades, mercado, apesar das formas e objetivos diferentes. É preciso aproximar estes universos paralelos e embaralhar seus produtos, fazendo comunicação para a educação e o desenvolvimento. Ou seja: doutor e profissional escreverem artigos de jornal, jornalista ler e pautar teses acadêmicas, assessor de imprensa escrever releases educativos, não oficialescos. E todos conversarem muito.      

Forma e essência

Heráclito disse há mais de 2.500 anos: “Nada existe de permanente a não ser a mudança”. Para fazer frente às mudanças, signo da vida, é preciso essência: princípios, bons valores. Sob este olhar, jornal impresso e digital são apenas expressões de época, uma questão de hábito. O importante mesmo não é o formato, mas a qualidade do que se escreve ou fala e do que se lê ou ouve.

Decisivo

Lidar com informação é algo essencial na vida. Perceber sua veracidade, qualidade, origem e motivação. Distinguir fatos e fakes, análises abalisadas e achismos, notícias e estudos, estilos e linguagens, essência e lixo. Entender a realidade atrás dos números. E dar destino a tudo isto: interiorizar como conhecimento ou sabedoria, transformar e repassar, jogar fora.

Fator de crescimento

Ler, assistir, ouvir. Jornal, revistas, rádio, TV, mídias sociais embolando tudo. Muito da formação como profissional e cidadão pode e deve vir do consumo de jornalismo de qualidade. Aula de Brasil, mundo, vida real.

Territórios

Em tempos de redes sociais, é preciso lembrar de outros territórios da comunicação: artigos, livros, teses acadêmicas, entrevistas e debates, documentários, filmes, fotografia, etc. Tudo sobre o olhar atento e quase ilimitado do Dr. Google e do streaming sobre ciência e tecnologia, filosofia e cultura. 

Midia training

Técnicos e doutores devem saber se posicionar bem nos “tempos” e formas peculiares de cada veículo – jornal, TV, rádio; em um artigo, entrevista ou debate. Isto é essencial no crescimento profissional e na defesa das causas das quais são (ou deveriam ser) engajados.

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