“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha!” Confúcio  

São compreensíveis e aceitáveis as datas comemorativas como forma didática das instituições para difundir e celebrar certas causas e temas, mas é preciso ficarmos atentos aos seus efeitos colaterais, potencializados pelos vícios coletivos da nação Brasil e da sua tribo Tocantins. Os riscos da calendarização dos temas em todas as dimensões são vários: um modelo mental que leva a uma zona de conforto (e de desculpas) na gestão, nas instituições e nas pessoas onde as causas só são pensadas e trabalhadas em curtos períodos do ano, dificultando a mobilização e o engajamento constantes e de todos; a consequente quebra da construção de governanças, agendas e ambientes temáticos, bem como de uma disciplina social; e o afastamento entre o discurso e a prática eficiente, eficaz e efetiva das políticas públicas e de responsabilidade socioambiental das empresas. O foco em uma causa essencial em um dia determinado deve servir para alavancá-la dentro de um projeto de nação e de desenvolvimento, não o contrário, com ares de faz de conta. 

Gestão dividida, fracassada ... 

Aos dias segmentados, somam-se os castelos de gestão e as caixinhas de conhecimento, vícios comuns em nossa cultura organizacional de república desarticulada, partida. O reforço da gestão atrasada – reativa, setorial e pontual, contrária a uma gestão desenvolvida – preditiva, integrada e sistêmica. 

Compromisso real ou marketing vazio? 

ESG, 3P, sustentabilidade nas empresas. Os grandes eixos da gestão pública: saúde, segurança, educação, meio ambiente, energia, transportes, cidades. A agenda dos pactos e das convenções – das cidades, da nação, do mundo. Tudo isto precisa ser trabalhado com responsabilidade.  

Responsabilidade compartilhada 

Esta responsabilidade atinge a todos nós cidadãos como eleitores, consumidores e profissionais, mas em especial alguns grupos que detém grande poder e determinam os rumos dos negócios e da nação: técnicos e Doutores nas muitas áreas de conhecimento; parlamentares e gestores públicos e privados; profissionais de comunicação que determinam o rumo das campanhas de marketing político, eleitoral, de governos e de empresas.     

Certas coisas não podem esperar o ano que vem  

Fome, doenças, violência em suas muitas formas, desigualdade social, privilégios inaceitáveis, ineficácia do estado, corrupção, deturpação do poder: algumas das mazelas que precisam ser combatidas todos os dias. Respeito, valorização, celebração e dever de cada grupo profissional, social ou étnico; pautas e estratégias de desenvolvimento sustentável – do pessoal ao político-institucional, do socioeconômico ao ambiental; projeto de nação; cuidado com a Teia da Vida: algumas das agendas que precisam ser pactuadas e trabalhadas todos os dias. 

O extraordinário acontece no esforço cotidiano  

Atletas, empresários, políticos, agricultores, empreendedores e transformadores sociais: as pessoas de sucesso em vários campos tem como fórmula comum doses enormes de trabalho, compromisso, treino, disciplina, rotina, hábito, perseverança. Não existe mágica, pessoas extraordinárias fazem as revoluções nas coisas e nos dias comuns, com muito trabalho.  

Feliz Ano Todo 

Do ponto de vista pessoal, cada raiar de dia é um pedaço daquele Ano Novo que iniciamos com tantos desejos, planos e promessas. Todos os dias podemos (e devemos) semear, cultivar e colher a essência do espírito do Natal, da Páscoa, de Todos os Santos; redescobrir o Brasil e praticar a nossa responsabilidade com esta nação; honrar, cuidar e celebrar pai, mãe, família e amigos. Todo dia é dia da Terra, de seus Reinos e elementos naturais – nossa casa comum, Laudato Si. Todo anoitecer e amanhecer é um milagre e um divisor de águas em nossas vidas, uma nova oportunidade e uma nova responsabilidade. Só depende de praticarmos em suaves prestações diárias.      

Dia de Todas as Causas 

Todo dia é dia de promover as virtudes individuais e coletivas que nos levem ao desenvolvimento como pessoas e nação, bem como de combater as mazelas que impedem este processo. Todo dia é o dia dos subtemas que compõem as causas maiores, de celebrar o Brasil e a Humanidade em equilíbrio e sinergia com a Teia da Vida, por meio de trabalho, autoconsciência e autorresponsabilidade transversal.