Ramis Tetu
Os representantes mais próximos da generosidade da natureza
A Teia da Vida tudo nos provê e nela os animais domésticos são destaque, como recurso alimentar, de trabalho, segurança, saúde e bem estar. Entre eles e via de regra, cães, gatos e cavalos se destacam como os nossos melhores amigos oficiais, sem entrar no mérito das preferências individuais. É preciso entender que a proximidade da natureza é um ato atávico de saúde, educação, sobrevivência e pertencimento dos homens, e o nosso afastamento moderno é muito nocivo. Os bichos de estimação exercem, de forma muito peculiar, a nobre função precursora de manter este vínculo, de nos salvar do nosso excesso doentio de urbanidade. Assim, quer seja por uma visão utilitarista, filosófica ou psicológica, temos de entender a nossa relação com estes bichos e deles cuidar, como indivíduos, grupos e governos.
Economia animal
A cadeia produtiva pet movimentou R$ 34,4 bilhões em 2018, com alta de 4,6% frente a 2017 (em meio à crise), representando 0,36% do PIB brasileiro, maior do que os segmentos de utilidades domésticas e de automação industrial. Somos o segundo principal mercado pet do planeta, atrás apenas dos EUA, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB). Não é supérfluo gerar renda, emprego e impostos para cuidar de nossos amigos.
É muito bicho
A estimativa de 2018 indica uma população de 54,2 milhões de cães (apenas estes superam o número de crianças); 39,8 milhões de aves; 23,9 milhões de gatos; 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de répteis e pequenos mamíferos.
Segurança qualificada e barata
Segundo pesquisa feita com assaltantes pelo Coronel Roberson Bondaruk da PM do Paraná, a presença de cães é o principal fator para desestimular bandidos a assaltar uma residência. Os muros, ao contrário, são o fator que mais incentiva. Cachorros não fazem acordo com ninguém, não têm preguiça nem cobram hora extra. E seu olfato e audição são bem melhores do que as dos humanos.
Busca e resgate
Os mesmos atributos e habilidades que fazem os cachorros bons e fiéis guardas, também os tornam excelentes resgatistas de pessoas em ambientes incertos e hostis, bem como farejadores de gente, drogas, explosivos e até de doenças humanas, algumas não detectáveis por tomógrafos. Agentes da segurança pública.
Saúde Pública
Estudos e senso comum entre especialistas indicam ganhos para crianças que convivem com cães em casa: maior sociabilidade, coordenação motora, capacidade de leitura, desestresse, sensos de responsabilidade, organização e perda; menor suscetibilidade a alergias. Os hospitais adotaram os cães como visitantes pela boa resposta médica dos pacientes visitados. E idosos também são beneficiados com a companhia e amizade canina. E quem disse que os adultos não?
Terapia
A zooterapia, em diversas vertentes, tanto de espécies animais utilizados quanto de grupos de humanos beneficiados – crianças, idosos, pacientes internados ou pessoas especiais, é uma realidade na saúde pública e deve ser replicada ao máximo, inclusive na saúde familiar e comunitária. A promoção de saúde e bem estar pelo olhar multiprofissional precisa prevalecer como prevista no protocolo do SUS, e não médicos, remédios, hospitais e doenças. Os bichos nos levam nesta direção.
Educação
Escolas deveriam adotar mascotes aos montes, afinal eles podem ser meio de aprendizado de disciplinas formais e competências para a vida, bem como de melhoria do ambiente escolar.
Personal um monte de coisas ...
Cachorros são personal trainers, personal guards, life style coachs e também personal organizers – neste quesito, trazem uma pitada de saudável e necessário caos para nos tirar das nossas vidas organizadas demais, quadradinhas. Animal influencers, tão bons ou melhores do que os digital influencers.
Vacina contra a crise de valores
Pessoas e instituições brasileiras deveriam aprender algumas virtudes com os cães: lealdade, amizade, amor incondicional, desprendimento, abnegação, empatia, sensibilidade, dedicação, assertividade, empreendedorismo, senso de grupo, humildade, entre tantas outras. Faz muita falta no Brasil.
Retribuição
Precisamos discutir, agir e avançar muito nas questões que envolvem os cuidados, a ética com que fazemos uso destes animais, as políticas públicas, as práticas privadas. Quer a nível caseiro, quer nas cidades. Tarefa para todos, como forma de retribuir tudo de bom que os bichos nos trazem.
Comentários